domingo, 1 de abril de 2012

A OAB e o 'cachorro morto'

     O presidente da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), Ophir Cavalcante, nos conta a Folha, defendeu a renúncia imediata do senador Demóstenes Torres (DEM-GO), flagrado em conversas indecorosas com seu amigo e financista, o contraventor Carlinhos Cachoeira. Afinal, me vejo obrigado a endossar parcialmente uma proposta da Ordem. O ainda senador deveria não apenas renunciar, mas sofrer a infâmia da cassação e do posterior julgamento de seus atos.
     Lamento, apenas, que a OAB não demonstre tanto vigor quando os envolvidos em roubalheiras fazem parte do governo ou da tal base - o saco de gatos ideológico que mistura o que há de pior na política brasileira. Gostaria, muito, de ouvir ou ler pedido semelhante em relação ao ainda ministro do Desenvolvimento e outras coisas, Fernando Pimentel (PT-MG), o ex-prefeito de Belo Horizonte que recebeu R$ 2 milhões da Federação das Indústrias de Minas Gerais para ficar calado (oficialmente, foi 'contratado' para palestras jamais proferidas).
     Também sinto falta da indignação do preclaro advogado em relação ao escândalo que envolve o ainda governador do Distrito Federal, o também petista Agnelo Queiroz. Ou algum brado contra o deprimente 'acerto de contas' (no valor de R$ 150 mil) entre a candidatura da atual ministra Ideli Salvatti (Relações Institucionais ???) à governança de Santa Catarina e uma empresa contratada pelo governo para produzir, para o ridículo Ministério da Pesca, lanchas que nunca saíram das pranchetas e/ou 'vagas secas'.
     Também estou aguardando uma manifestação mais vibrante em favor do julgamento imediato do Mensalão do Governo Lula, o maior escândalo da história recente do país.
     Eu sei que advogados - por definição - defendem e atacam de acordo com seus contratantes. Isso faz parte da liturgia judicial, da democracia. Mas entidades que, teoricamente, representam uma comunidade devem ser independentes o bastante para atuar com dignidade em qualquer situação, sem escolher o judas a ser malhado ou chutar cachorro morto.

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