quinta-feira, 12 de abril de 2012

A chantagem desmascarada

     O Globo nos proporcionou hoje dois momentos especiais, que merecem ser destacados. Em primeiríssimo lugar, a manchete - "PT quer abafar Mensalão com a CPI do Cachoeira" -, digna dos seus melhores tempos, por avançar na notícia, oferecendo ao leitor a interpretação exata do fato, sem disfarces. E a charge de Chico, 'retratando' o comportamento imbecilizado do presidente da Câmara, o petista gaúcho Marco Maia, durante a passagem do craque Neymar por Brasília, como parte das comemorações pelos 100 anos do Santos.
     Faço questão de ressaltar esse momento de um dos maiores jornais do país (e onde eu tive o prazer de trabalhar por alguns ótimos anos), carente - na minha ótica - de uma posição política mais independente, menos subserviente ao Poder, fruto - nos últimos anos - do engajamento ideológico de alguns colunistas, como o tempo nos provou. Sua página 2, por exemplo, serviu de trampolim para cargos no Palácio, excetuando os dias ocupados por Ricardo Noblat.
     A manchete foi perfeita e certamente vai ajudar a desmantelar mais esse esquema de chantagem que o PT começou a desenvolver, às vésperas do julgamento do Mensalão do Governo Lula, o maior escândalo político de todos os tempos. O objetivo da convocação dos 'movimentos sociais' (baderneiros e sindicalistas comprados com o dinheiro público) é pura e simplesmente ameaçar o Supremo Tribunal Federal. O presidente do partido, Rui Falcão, não esperava, entretanto, que a reação à sua vigarice retórica fosse tão imediata.
     Mal-acostumado ao tratamento no mínimo cordial que é dado ao PT, o dirigente certamente sonhava com a omissão crítica dos meios de comunicação, que - à exceção de Veja - limitam-se praticamente a reproduzir entrevistas e declarações. Deu um tiro no pé. A pilantragem ideológica foi tão evidente que seria difícil não haver alguma reação.
     O 'petista-quase-mor' não teve qualquer constrangimento em usar uma justa reivindicação nacional - a apuração de todos os crimes envolvendo o contraventor Carlinhos Cachoeira e políticos em geral - para distorcer os fatos e ignorar a estreita ligação de um punhado de seus partidários com o contraventor. Com o cinismo que é peculiar aos seus pares, citou a pilantragem do ainda senador Demóstenes Torres e a possível vigarice do governador Marconi Perilo (PSDB-GO), mas passou direto pela roubalheira do petistas Agnelo Queiroz, governador do Distrito Federal, e de outros militantes históricos encastelados em Brasília.
     O plano foi por água abaixo. Desmascarado, o presidente do PT deve estar arrependido da iniciativa diversionista. A CPMI deve ser instalada, sim. O Brasil decente totrce por isso. E tem tudo para exibir a vilania que atinge o Congresso, dominado há nove anos pela corrupção institucionalizada no país pelo PT e seus aliados.

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