sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

A vigarice mora ao lado

     Se alguém contasse a um marciano recentemente desembarcado no Brasil que um órgão do Ministério da Justiça - no caso, um tal de Departamente Penitenciário Nacional (Depen) - comprou produtos contrabandeados e - o que é 'pior' - falsificados para equipar presídios, certamente nosso visitante balançaria as antenas até estourar de rir, acreditando que estaria ouvindo uma enorme piada, uma anedota tropical.
     E continuaria gargalhando, ao ver as imagens do ministro da Justiça (???), José Eduardo Cardozo (aquele ex-deputado federal do PT que se notabilizou defendendo o partido no episódio do Mensalão), denunciando o fato, como se tivesse acontecido a algumas galáxias de distância, e não a alguns metros do seu gabinete. Parodiando Ataulfo Alves, eu diria que a capacidade diversionista dessa gente é uma arte.
     As pilantragens acontecem na mesa ao lado e nossos dignatários esbravejam, denunciam o seu próprio crime como se perpetrado por uma figura abstrata, à parte do governo. As denúncias contra o abandono das vítimas das enchentes são outro exemplo. Partem de figuras do próprio Poder que, por óbvio, deveria ter agido.
     Uma das frases mais ouvidas nos últimos tempos, nos circulos brasilienses, tem sido a afirmativa de que não o Governo "não transige com os malfeitos", quando fica claro que essa ruptura com a dignidade é absolutamente intestina.
     Nosso governo, que já tem nove anos, continua manipulando fatos, transformando fracassos estrondosos em feitos, sem constrangimentos ou pudores. Na melhor das hipóteses, aposta no tempo para apagar vigarices, como o enriquecimento, com 'consultorias, do ex-prefeito de Belo Horizonte e atual ministro do Desenvolvimento e muitas outras coisas, Fernando Pimentel. O homem desapareceu há quase um mês, enfurnado em alguma sala.
     Nossos ministérios não param de gerar escândalos e atos inimagináveis, até mesmo para os padrões brasileiros.

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