quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

O bicho e os barões

     O bicheiro Anísio Abraão David, patrono da escola de Samba Beija-Flor de Nilópolis, se disse inconformado com a prisão, realizada ontem, quando se preparava para entrar num laboratório, para exames, na Zona Sul do Rio. Anísio estava foragido há algum tempo e com prisão preventiva determinada pela Justiça, por vários crimes ligados ao jogo do bicho, como lavagem de dinheiro, manipulação de caça-níqueis, formação de quadrilha e outros mais, como O Globo publicou.
     Há alguns anos, ele passou pela mesma experiência, quando a ex-juíza Denise Frossard decretou a prisão dos chefões da contravenção no Rio de Janeiro. Convivendo no limite extremo do crime, não seria natural que Anísio ficasse inconformado com a prisão, em especial nesse momento, às vésperas do carnaval, dominado intregralmente pelos barões do bicho, desde tempos imemoriáveis. Ou alguém esqueceu de Natal, um ícone na Portela, ou Castor de Andrade, da Unidos de Padre Miguel.
     Estou me permitindo ficar
no lugar de Anísio, um dos presos por atividade ilícitas, num exercício retórico, apenas, com direito - digamos - a licenças poéticas: "Eu banco o jogo e vou preso. Eles jogam nosso dinheiro no ralo e ficam soltos. Nos meus jogos, pelo menos, há uma chance de alguém ganhar. Até mesmo para manter a 'empresa' funcionando. No jogo deles, só eles ganham. Eles e seus amigos. Eu vou preso, eles ficam livre. Eu pago, eles recebem. Quando eu crescer quero ser ministro de estado, político da base (qualquer base) ou dirigente de estatal. Vou ganhar mais e frequentar os círculos do poder sem medo de ser feliz".

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