quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

A tevê que ninguém quer ver

     Até que não seria de todo ruim. Não por decisão absurda e autoritária, típica de ditaduras medíocres, como a da China, um país que - na contramão da estupidez ideológica dos dirigentes - caminha para ser a principal potência mundial. Mas confesso que não ficaria triste se acordasse e fosse informado que o Brasil estava livre para sempre da imbecilidade do BBB; do Faustão e do Ratinho; do Sílvio Santos e do CQC; do Gugu e dos Datenas; do Galvão e Pânico.
     Livre, mas por opção do telespectador, do distinto público. Jamais por um canetada como a que atingiu o direito dos chineses, que ficaram sem dois terços da programação transmitida pelas tevês por satélite, como nos conta Veja. O propósito do corte, segundo a agência de notícias oficial (tudo, ou quase tudo, na China, tem o dedo do Governo), é cortar o entrenimento "excessivo" e os programas "ousados", que estariam ocidentalizando a cultura local, segundo o presidente Hu Jintao havia antecipado.
     O noticiário nos conta que foram eliminados praticamente todos os shows de talentos, emotivos, namoro e de um etéreo "mau gosto", substituídos por programas que promovem "as virtudes tradicionais e o valor socialista essencial". Que 'bullshit' inominável!
     Já se imaginaram obrigados, aqui no Brasil - sim, obrigados, pois não lá não há opções para a maioria absoluta da população (*) - a passar as poucas horas de lazer olhando para marchas patrióticas realizadas pelos sem-terra e outras coisas, do MST; cantos emulativos entoados por corais do PCO, PT e quetais; intermináveis discursos políticos da presidente Dilma Rousseff, com aquela fluência que conhecemos, ou de seu antecessor, enumerando tudo o que jamais houve no país, 'antes Dele'?
     Não vou chegar ao extremo de dizer que iria preferir o tal do Bial falando bobagens e tentando provar a ele mesmo que o dinheiro não compra a dignidade profissional. Ou as diatribes (no sentido menos nobre da palavra) dos ratinhoes e ratões. Mas até que aceitaria, se encostado na parede, ser condenado às transmissões esportivas do Galvão Bueno, desde que tivesse o direito de optar pela tecla 'mute'.

     (*) Na China, segundo Veja, a audiência das tevês atende a 95% da população.




 

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