sábado, 7 de janeiro de 2012

Está na hora do 'divórcio', presidente

     Alguém ainda lembra que o ministro das Cidades, Mário Negromonte (PP) andou pela bola sete há pouco tempo, quando foi descoberta uma maracutaia envolvendo adulteração de laudo técnico para justificar uma mudança de projeto viário em Cuiabá? E que essa mudança encareceu as obras em R$ 500 milhões?
     E o escândalo do consistente enriquecimento do ainda ministro do Desenvolvimento e 'muitas' outras coisas, Fernando Pimentel (PT), logo após ter deixado a prefeitura de Belo Horizonte? O novo mago da consultoria - lembram? - recebeu R$ 2 milhões por conversas ao pé do ouvido, com uma turma interessada diretamente em serviços para a prefeitura. Isso, em pouco mais de um ano. Não há registro de qualquer trabalho, mas ele botou a grana no bolso. O cabra tem que ser muito bom, mesmo.
     E o preclaro ministro da Integração, Fernando Bezerra (PSB), fortíssimo candidato a mecenas de Pernambuco, seu estado natal, beneficiado com 90% das verbas destinadas à prevenção de catástrofes ambientais? Confrontado com dados oficiais, continua lá no Planalto, chovendo no molhado, com amplo, total e irrestrito apoio de seu partido.
     Recuando um pouco mais, tivemos seis ministros demitidos por - no mínimo - relações não muito republicanas com o dinheiro público (a nossa velha conhecida corrupção). Foram presos, processados ou obrigados a devolver o que deixaram escorrer? Nada disso. Perderam o posto, mas continuam na ativa, livres, leves e soltos, para vergonha de um país mergulhado em malfeitos.
     Negromonte - nos conta O Globo - está absolutamente tranquilo, certo de continuar à frente da pasta, mesmo agora, na tal reforma ministerial provocada pelas ambições eleitorais de um bom par de ministros, e não por qualquer compromisso com a moralidade.
     Pimentel, amigo da rainha, aproveitou a folga de fim de ano e mergulhou nas sombras. Bezerra, grita sua inocência, salvo do afogamento pela intervenção direta do governador pernambucano, Eduardo Campos, do seu partido e candidato potencial à presidência. Com ele, Eduardo, a presidente e o PT não querem briga. E deixaram claro isso, quando cederam e devolveram ao ministro o poder de manipular as verbas, que havia sido retirado num gesto movido pelas manchetes.
     Esse quadro aponta, para mim, o fracasso de algo que sequer começou: a governança efetiva da presidente Dilma Rousseff, refém do seu mentor e antecessor e das teias que ele armou para preservar o poder. Tomara que eu esteja errado, que a presidente consiga se impor e, afinal, um ano depois de ter tomado posse, comece, de fato a dirigir o país.
     Já escrevi essa frase algumas vezes, mas ela continua atual: Dilma precisa deixar de ser "a mulher do Lula".

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