domingo, 22 de janeiro de 2012

Os números da presidente

     Os números normalmente não mentem, e se explicam. Portanto, não há motivos para espanto com o resultado da pesquisa do Datafolha que deu à presidentte Dilma Rousseff o maior índice de aprovação no primeiro ano de governo entre os quatro últimos presidentes eleitos pelo voto popular (José Sarney assumiu o posto com a morte de Tancredo Neves).
     Dilma ostenta nada menos do que 59% de opiniões favoráveis (consideradas as indicações de ótima e boa, para sua administração), contra 42% de seu mentor e antecessor, o ex-presidente Lula, e 41% de Fernando Henrique Cardoso. Fernando Collor, após as medidas econômicas extremas que adotou, como o confisco da Poupança, afundava em apenas 23%. Contra, mesmo, só 6%.
     Esse resultado, apesar de um ano de paralisação em virtude dos seguidos escândalos, retrata a imagem que a presidente conseguiu passar para a população: a de uma administradora que não transigia com o ilícito, a tal 'faxineira' da República, rótulo que pegou, apesar de jamais aceito formalmente, até em função dos riscos à manutenção da tal base eleitoral, que poderia se sentir ofendida, ao ser tratada como lixo a ser varrido do Governo.
     Com esse índice de aprovação, apesar de não ter produzido rigorosamente nada de relevante, a presidente consolida seu direito a disputar a reeleição. Afinal, além dos seguidores fiéis do beato Lula, ela conseguiu conquistar uma parcela da opinião pública que não se alinhava obrigatoriamente com o petismo, ou o lulismo, sua forma mais vulgar.
     Com esses números, Dilma poderia, se quisesse, ousar e conquistar de vez seu espaço, livrando-se do peso de um líder limitado, simplório e sempre disposto a acertos não muito republicanos, em troca de apoio ao projeto de poder do seu grupo.

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