segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Incertezas e ditaduras

     O noticiário internacional nos transporte, hoje, para o Egito, onde está recomeçando o julgamento do ex-ditador, Hosny Mubarak, deposto no início da 'Primavera árabe'. Até aí, tudo normal. O problema começa quando se adivinha que o processo pela repressão violenta contra os manifestantes que a ele se opunham, responsável por dezenas de mortes, tende a cair no vazio.
     Preocupa, sim, mas não surpreende. O Egito, na verdade, continua dominado pela mesma aristocracia militar que dava sustentação a Mubarak. O poder não deixou de estar subjugado, apenas saiu de cena o personagem que liderava o Governo. A população, depois das eleições legislativas realizadas quase no fim do ano passado, percebeu isso e voltou às ruas, principalmente à Praça Tahrir, a principal do Cairo, onde as manifestações se concentram.
     O resultado foi o que todos vimos: o governo de fato, exercido por uma junta militar, reprimiu as manifestações com um rigor que nada ficou devendo aos anos do ditador. Houve mortes, agressões e prisões, tudo como antes.
     E se nada mudou, realmente, como condenar alguém por algo que jamais deixou de ser feito? Mubarak é tão culpado quanto os que o sucederam. Só mesmo uma profunda mudança no processo político do país - com eleições realmente livres e a adoção de uma democracia efetiva - poderá transformar a realidade.
     No Egito, assim como na Síria, não há liberdade plena de manifestação, apesar da capa legalista que já não consegue ocultar as mazelas de gogernos e governantes alinhados com o atraso.
     E o Irã, muçulmano, também, mas não árabe? Para mim, está em outro patamar: o do estado terrorista, que esmaga seus cidadãos com a mais atrasada e estúpida interpretação do Corão e ameça o mundo com práticas medievais de 'política', como a recente bazófia de fechar o Estreito de Ormuz, entre os Golfos Pérsico e de Omã - rota do petróleo que abastece a maior parte do mundo - e realizar testes com mísseis de médio e longo alcance.

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