quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Rio 40º, a cidade do caos

     Mais uma manhã infernal no trânsito do Rio. Dessa vez, a culpa foi de um caminhão velho que enguiçou na Ponte Rio-Niterói. Mas se não fosse o tal calhambeque - que só estava trafegando porque a fiscalização é deficiente e sujeita a 'chuvas e trovoadas'-, seria outra coisa qualquer, como um palito de fósforo atirado pela janela do carro por um dos milhares de motoristas porcos que transformam as ruas em latas de lixo.
     Na verdade, não é necessário que algo excepcional aconteça para o caos se instalar livremente nas nossas ruas e avenidas. Ontem à tarde, ninguém se movia na Zona Sul. Há um evidente e cada vez mais acentuado desrespeito ao cidadão que precisa se mover para produzir, trabalhar, movimentar a economia. As intervenções urbanísticas - que já chegam atrasadas em alguns anos - não são precedidas das necessárias obras de infraestrutura que, ao menos, amenizariam os transtornos.
     A presença de guardas municipais é eventual e empurrada pelas evidências do despreparo público em lidar com as exigências de uma cidade mal planejada e abandonada à sua própria sorte por décadas de desgovernos. A realização da Olimpíada em 2016 obrigou nossas autoridades a despertar do marasmo. Tudo o que deveria estar sendo feito ao longo dos anos foi concentrado num período pequeno. E a cidade virou um imenso canteiro de obras, infernal canteiro de obras, especialmente sob uma temperatura que beira os 40 graus.
     E tudo pode piorar ainda mais, pois nosso intimorato prefeito, movido sabe-se lá por quais motivos, insiste na estúpida demolição da Avenida Perimetral, uma obra paga pelo imposto do carioca, cuja opinição está sendo ignorada, até agora. Basta ler as páginas de cartas dos nossos jornais, para aferir o humor do cidadão do Rio em relação a esse monumento ao ego de um administrador.
     Não li - e sou um leitor fevoroso das cartas - sequer uma opinião favorável à demolição da Perimetral, desde que ela foi anunciada, no tal pacote do Porto Maravilha e afins. Ao contrário. Todas as manifestações indicam uma forte rejeição a essa ideia, apontando óbvios prejuízos à fluidez do tráfego e aos cofres públicos. Não podemos esquecer que o município pretende gastar uma montanha de dinheiro público para destruir algo que, ao menos, funciona. Em síntese: pagamos para construir e pagaremos para destruir.
     Pagar duas vezes parece, mesmo, ser a sina do carioca. Agora mesmo, estamos pagando, caro, para melhorar as condições de tráfego, atendendo às exigência do Comitê Olímpico Internacional. E vamos pagar para usufruir dessa melhoria, na forma de pedágios urbanos, uma excrescência que conquistou amparo legal, ontem, com a assinatura da tal lei destinada à melhorar a 'mobilidade urbana'. Pela sanha arrecadatória dos nossos admistradores, em breve ficaremos adstritos ao quarteirão onde moramos.

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