terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Os inimigos moram ao lado

     As declarações feitas ontem pelo ainda ministro Fernando Bezerra (PSB-PE), da Integração, apenas reforçam a tese que eu venho defendendo aqui há algum tempo: todas as crises provocadas por denúncias contra a turma do primeiríssimo escalão foram, são e serão oriundas da própria base governamental, em especial do PT, que finge aceitar a divisão do bolo, mas sonha em abocanhar tudo, ou pelo menos as fatias mais gordas, calóricas, saborosas.
     Segundo Bezerra, transcrito pela Folha, "vivemos um momento de reforma ministerial e é evidente que, às vezes, interesses partidários podem se aguçar". Traduzindo: tem muita gente de olho nas verbas e poder de determinados ministérios, que garantiriam não apenas um trampolim para voos mais altos, como a oportunidade de manipular uma boa dinheirama.
     E quando ele cita os tais "interesses partidários", está se referindo, de maneira comedida, à sanha do principal gestor brasileiro, o Partido dos Trabalhadores, que tem olhos e ouvidos plantados bem no centro do Planalto. Não tenhamos dúvida: só mesmo quem está no meio de tudo, com acesso a todas as informações, investigações, dossiês e afins tem condições de jogar nos ventiladores a porcaria produzidas nos ministério.
     Os jornais e revistas - sempre apontados como os vilões, inimigos - apenas noticiam e, a partir desse ponto, repercutem e avançam nas investigações. A oposição? Não existe, por opção, incapacidade e descerebramento. Seus líderes mal conseguem balbuciar duas ou três frases, normalmente retiradas de algum texto da Veja.
     Vem sendo assim desde a 'mãe de todos os escândalos', o Mensalão que sustentava o projeto de poder do Governo Lula e da companheirada. As evidências do maior assalto aos cofres públicos da nossa história surgiram a partir da acusação de um comensal do Palácio, o ex-deputado Roberto Jéfferson, que jamais imaginou - e eu a cada dia mais tenho essa convicção - que estava gerando um caso capaz de quase derrubar o governo.
     Todas - todas, mesmo - as acusações contra ministros, tiveram e têm a marca de algum companheiro, mesmo oculto. E a mira está sendo dirigida aos detentores não só de poder, mas de verbas bilionárias. Ou alguém já viu briga para ocupar a Secretaria de Assuntos Estratégicos (Moreira Franco, PMDB-RJ), ou Pesca e Aquicultura (Luiz Sérgio, PT)?

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