quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Não à censura, seja ela qual for

     Li, agora, em O Globo, que existe uma ferramenta capaz de censurar o uso da expressão BBB nas redes sociais, Facebook em especial. Basta alguém instalar uma tal 'extensão'. Entendo que alguém não queira receber notícias desse programa deletério. Mas daí a interferir no direito de outros, vai uma distância enorme. Prefiro usar minhas armas antigas: as palavras.
     No caso das minhas postagens, há duas opções: alguém denunciou o conteúdo, pelas mesmas razões que eu o combato (seria ilógico, mas ...), ou 'gosta' muito e minhas críticas estão incomodando. O mesmo - digamos - 'fenômeno' aconteceu com as chamadas para textos que continham críticas bem fortes ao esquema de corrupção que se instalou no Governo há nove anos. De uma hora para outra, elas desapareceram, reduzindo minha participação no facebook a amenas notas sociais, não menos importantes, mas não necessariamente únicas.
     As redes sociais, assim como eu as vejo, oferecem, também (além da fantástica chance de reencontrar amigos e descobrir novos), a grande oportunidade para o debate de ideias, para o exercício do contraditório. O confronto de pensamentos e visões do mundo ajuda a formar conceitos, a enraizar propostas ideológicas.
     Cercear as manifestações é uma atitude menor, por 'melhores' que sejam as intenções. No início da minha vida profissional, nos Diários Associados, nos idos de 1968, convivi com uma censura direta e ostensiva: um jovem major do Exército tirava serviço na redação do O Jornal, todas as noites. Com o tempo - e como nosso jornal não tinha a menor vocação oposicionista -, nosso censor passou a encerrar a noite no boteco da esquina, com a turma do fechamento. Mais tarde, as proibições chegavam por telefone. Perdi a conta de quantas ligações recebi (eu chefiei a reportagem por um bom par de anos). Muitas nos informavam de fatos que sequer sabíamos.
     Desse tempo, da luta contra um regime fechado e intolerante, minha geração carrega um enorme sentimento de repúdio a qualquer interferência na democracia, no direito, especialmente de expressão.

6 comentários:

  1. Meu caro Marco Antonio, esses intolerantes com o contraditório, avessos à discordância, deveriam sentar-se numa imensa sala (eles são muitos) e começar uma babação de ovo um pro outro, aplaudindo-se mutuamente até se cansarem. Já que não nos permitem divergir, que se lambam, que tenham gozos fantásticos nessa egotrip fantástica do pensamento único.

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  2. É lamentável, Romildo, que existam tantas pessoas que não sabem conviver com o contraditório. E nós, que vivemos tantas coisas no passado, sabemos a importância da liberdade de expressão, do respeito às ideias divergentes.

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  3. Eu,da geração coca-cola,também possuo repúdio a qualquer pessoa de determinado órgão ou regime que queira proibir a manifestação.
    Que bom que conseguiu retornar a publicar suas opiniões. Você terá sempre amigos e colegas comentando qualquer assunto,principalmente de interesse do nosso país.

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