sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Pérolas do jornalismo

     Ao reler alguns textos do Blog, voltei a encontrar alguns erros dos quais não me desculpo (troca de letras, um esse a mais ou a menos ...). Encontrei, também, em postagem recente, um engano na identificação do ministro da Integração, Fernando Bezerra. Escrevi que ele era do PMDB, quando sabemos que é do PSB. É verdade que não chega a fazer diferença, de fato. Ele é apenas mais um a não ter como explicar os desvios apontados pelos jornais e revistas, independentemente do partido.
     Ao corrigir esses erros, lembrei de mais uma história - alguém já brincou comigo, dizendo que eu estava me transformando numa espécie de 'Forrest Gump das redações', por transcrever momentos acumulados na memória durante 40 anos. E esse história tem tudo a ver com erros, modos de encará-los e uma certa e natural arrogância que impregna em especial os nossos repórteres mais jovens (eu sei bem do que estou falando).
     Dessa vez, vou me dar ao direito de contar o milagre, sem revelar o santo, que subiu aos ceús do jornalismo, com todo merecimento, é bom deixar claro. Ela aconteceu nos idos de 1984/1985, quando eu trabalhava na Editoria de Esportes do Jornal do Brasil, onde cheguei em janeiro de 1982.
     Além de mim, havia mais três redatores, responsáveis pelo texto final e produção dos títulos e chamadas das nossas muitas páginas: os excelentes Nilson Damasceno, Fernando Calazans e Vicente Sena, que cuidada basicamente do 'amador'. Eu e Nílson, já há algum tempo, colecionávamos - por pura brincadeira - algumas pérolas do jornalismo, nascidas, certamente, da - digamos - premência de tempo.
     Nessa época, ainda usávamos máquinas de escrever e laudas. Os repórteres escreviam os textos e nós fazíamos as correções, a caneta (quando possível). Em alguns casos, era necessário reescrever, e guardávamos os originais, nas nossas gavetas.
     Num certo dia, eu estava sentado lá no meu canto, envolvido com a leitura de um texto, quando um repórter (o tal 'santo') chegou perto de mim e reclamou - com certa falta de habilidade - de uma determinada mudança que eu fizera no seu texto e que ele não havia gostado. Quase deixei passar, como em outras ocasiões. Afinal, essa 'briga' entre repórteres e redatores era antiga, mas não era normal na nossa editoria. Dessa vez, no entanto, resolvi dar uma 'sossegada' naquele jovem.
     Com calma, depois que ele acabou de ponderar, abri minha gaveta, peguei o original do seu texto, no meio de uma pilha, e perguntei, educadamente, se ele também queria reclamar de eu ter corrigido aquelas bobagens que ele tinha escrito e que eu assinalara: dois ou três erros gravíssimos de concordância e uma cedilha no lugar de dois esses.
     A conversa acabou ali. Nunca mais ouvi qualquer reclamação. Quem foi? Não. Eu não faria isso, jamais. Até mesmo para que evitar que alguém desencave algumas das minhas incorreções e use minha arma para me atingir.
PS: Aprendi, desde muito cedo, na redação de O Jornal, com um excelente professor (José Paulo de Badui e Miziara), o valor das correções. Normalmente não se repete um erro apontado. Portanto, fiquem à vontade.

4 comentários:

  1. Esculachou o tal repórter,hein? É o que costumo falar,o legal dessa vida é o que aprendemos, e claro,quando nos permitimos aprender. Lembrei das aulas de redação jornalística I,II e III,aff.. a professora,na época,tinha trabalhado no jornal O Globo. Já não exercia mais a profissão a não ser lecionando que é um grande aprendizado,por sinal,só que ela começou a me transmitir algo negativo..comecei a ficar insegura pra escrever,mas sabe que,no blog que já tenho há uns 3 anos,reaprendi a escrever e recebi elogios e críticas construtivas de um amigo que não vou citar o nome,mas digamos q ele é o ´´culpado`` por eu voltar a gostar de jornalismo impresso..
    Sobre a pessoa que referiu você ao personagem do filme,sim,sei quem é..é uma moça que ainda insiste em trabalhar em comunicação..e o melhor disso tudo? é ler o seu blog,principalmente quando se trata de memórias suas e dos anjinhos.
    Obrigada.

    ResponderExcluir
  2. É tão mais fácil quando a gente encara as correções como aprendizado. Eu nunca esqueci de algumas observações que me foram feitas por diferentes chefes e colegas. No Globo, tínhamos o hábito de 'trocar' os textos (eram escritos nas laudas), para que um lesse o do outro e desse opiniões. Aqueles erros, nunca mais.

    ResponderExcluir
  3. É o melhor exercício: o aprendizado. E do troca toca de textos entre os colegas,é muito bom pra cada um não só opinar,como conhecer o jeito de escrever do outro, ou seja,um belo trabalho em equipe.

    ResponderExcluir
  4. Foi uma das coisas que eu aprendi: jornalismo é um trabalho de equipe, Patrícia.

    ResponderExcluir