quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Ouvidos moucos, presidente!

     Atendendo a uma irresistível tendência de torcer para que tudo dê certo no Brasil, independentemente de quem esteja sentado no trono, e a, pelo menos, uma consideração de um dileto e antigo amigo, tento olhar os desvios éticos do Governo Dilma Rousseff com rigor, mas não com intolerância. Já escrevi algumas vezes: depois de oito anos de lulices, a sobriedade pessoal e política da atual presidente é uma dádiva, um colírio.
     Isso não significa que tenha me empolgado com a tal 'faxina'. Não. Cansei de repetir que as demissões de seis ministros foram precipitadas por fatos irreversíveis, e não por um eventual pendor pela sobriedade. Mas, pelo menos, os tais malfeitos resultaram numa limpa, numa varrição, embora boa parte da sujeira tenha ficado no meio do caminho, sob os tapetes de Brasília.
     Como que a comprovar esse minha tese, três ministros resistem bravamente em suas cadeiras, mesmo com evidências tão fortes de delitos suficientemente consistentes para colocá-los diante de tribunais. Houve, no entanto, compensações no terreno da política exterior. O Brasil, depois de tanto tempo alinhado com o que há de pior no mundo, deu sinais de certa independência.
     Por tudo isso lamento profundamente saber - segundo a Folha - que a presidente Dilma vai ouvir o ex-presidente Lula para definir os caminhos da reforma ministerial prevista para este mês. Espero que não leve em conta o que escutar, que a reunião seja apenas uma demonstração de delicadeza. A história recente vem mostrando que o incorrigível ex-presidente não deve ser levado a sério ao apontar ou escolher auxiliares.

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