quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Argentina vai 'à guerra'

     A presidente argentina Cristina Kirchner voltou à ativa - depois da cirurgia para eliminar um câncer que não era câncer e que jamais ficou bem explicada - com o discurso afinado, típico dos governantes sem projeto, que sobrevivem da demagogia e da manipulação dos sentimentos das camadas mais simplórias da população, em especial.
     O alvo de hoje - um deles, mas o mais emblemático - foi a Petrobras, acusada, ao lado de outras empresas, de formar cartel e não investir de fato no país, que estaria apenas e tão-somente explorando. É um comportamente tão medíocre quanto esperado. Tem sido usado ao longo dos séculos por governantes desqualificados: se a situação interna está difícil, ou promete piorar, basta eleger um inimigo para unir o país em torno de uma causa, despertando sentimentos nacionalistas que não deveriam ter espaço num mundo globalizado como o nosso. Especialmente na esfera do Mercosul.
     A história recente argentina tem outro exemplo emblemático: a guerra pela posse das Ilhas Falklands (ou Malvinas, como insistem nossos vizinhos). Os ditadores da época (abril de 1982) apostaram na guerra para aglutinar a população, assim como haviam feito com a Copa do Mundo de 1978, vencida pela Argentina em circunstâncias até hoje contestadas. Em dois meses a Inglaterra resolveu a questão e contribuiu para a queda de um regime que se mostrou assassino.
     Populista e ideologicamente vazia, a presidente Kirchner apela - como os ditadores que ela diz ter combatido - para o enfrentamento de inimigos da pátria. O Brasil, enorme e incomodamente protagonista, é o alvo mais próximo e seguro, pois não oferece o risco de uma surra militar, que seria fácil e rápida, destaque-se.
     Ma nem mesmo a patacoada dos militares parece ter servido de exemplo. A presidente, que luta contra a liberdade de imprensa, tem esboçado abrir novamente a frente pela incoporação das Ilhas Falklands (ou Malvinas). Ela sabe que não teria a menor chance em novo enfrentamento, mas usa o histórico emocional para manter o discurso rasteiro que a reconduziu ao poder.

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