segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Um 'alemão' vence o 'Alberto'

     Vou aproveitar as férias de João Ubaldo Ribeiro, no O Globo, para me apropriar de algumas imagens que ele criou para sua ilha natal, Itaparica, e transferi-las aqui para a Pedra, esse bairro com cara de cidade do interior, embora plantado à beira-mar.
     Pois o único assunto dessa manhã de segunda-feira, por aqui, mais precisamente no Bar Tricolor, encravado na Praça do Rodo, era a vitória de um 'alemão' no 'Alberto' da Austrália. De nada adiantavam as intervenções de Uóshinton de Assis, misto de garção e cozinheiro, um jovem ligado em todos os esportes e o único assinante do jornal ali na roda de bate-papo: "Não é alemão, é sérvio. E não é Alberto, é Aberto", repetia.
     Rivelino da Silva, frequentador assíduo do bar, estava eufórico: "O alemão destruiu o Nadador", garantia, ignorando solenemente o fato - relembrado por Assis, batizado assim em homenagem aos 'carrascos' do rubro-negro - de Djokovic ter derrotado o espanhol Rafael 'Nadal'.
     E cada um que chegava e tomava conhecimento do assunto - que provocava tanta excitação - acrescentava um comentário sobre o esporte. Afinal, deveria ser um esporte, já que ocupou o espaço historicamente destinado aos assuntos esportivos nas edições de segunda-feira. Houve até quem garantisse que o torneio era jogado em uma reserva de cangurus, responsáveis por saltar e pegar as bolinhas atiradas a esmo pelos contendores.
     Na verdade, ninguém tinha visto o tal jogo do século (5h30), "épico", segundo manchete de O Globo. Além de Assis, nenhum deles jamais havia assistido a uma partida de tênis na vida, assim como 99% da população brasileira. Mas se foi manchete de um jornal brasileiro e carioca, em uma segunda-feira, logo após um domingo inteiro de futebol, o assunto merecia um bom par de horas de prosa, antes do cochilo da tarde.

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