quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Driblando a pauta de O Globo

     Vou tomar a liberade de contar mais uma das minhas histórias antigas, vividas em redações, quase todas. Essa se passou no segundo semestre de 1973 e retrata bem a paixão do brasileiro em geral pelo futebol, e pela Seleção em especial. Pelo menos naqueles idos. Hoje, é verdade, esse amor diminuiu, refluiu, atropelado pela falta de identificação do torcedor com os jogadores, quase todos distantes do nosso dia a dia, desde sempre.
     A Seleção iria jogar e todos nós, repórteres da Geral de O Globo, na época, pretendíamos assistir à partida. Mas não haveria televisão na redação, algo comum atualmente, mas que naquele tempo só era tolerado na Copa do Mundo. A partida seria à tarde - confesso que não lembro o adversário -, num horário em que, normalmente, estaríamos envolvidos na apuração de alguma matéria. Como fazer, então, para cumprir a pauta e ver o jogo?
     Concluímos - e já vou revelar os nomes dos intregrantes do grupo -, na véspera, que teríamos que fazer um esforço redobrado para conciliar as duas 'obrigações'. Chegaríamos mais cedo do que o habitual e sairíamos em seguida, para acelar as entrevistas, fotos etc.
     Dito e feito. Nós cinco pegamos nossas pautas e fomos à rua com ânimo ainda mais redobrado, decididos a não usar sequer a hora de almoço, em benefício do futebol. Por acaso - e alguma qualidade na apuração, também -, conseguimos resolver tudo bem antes do que seria normal esperar. Com a consciência razoavelmente tranquilizada, nos encontramos, como estava combinado, na portaria do prédio onde eu morava, naquela época, na Rua Hadock Lobo, ali no Largo da Segunda-Feira, a não mais de 10 minutos do jornal, com o trânsito normal para aqueles tempos.
     Subimos e passamos aquelas duas horas em volta da tevê, saboreando uns refrigerantes e salgados, para compensar a falta do almoço. Chegamos ainda cedo na redação e pudemos cumprir, com certo louvor, as tarefas exigidas. Nossos chefes de então (Iran Frejat, editor, e Anderson Campos, chefe da reportagem) não deram por nossa falta, nem demos motivos para isso.
     Matérias feitas a tempo e a hora e boas lembranças da vitória brasileira.
     Os nomes dos meus companheiros? Vou cometer essa indiscrição. Afinal, esse episódio pode ser considerado peça histórica. E, pelo tempo decorrido (quase 40 anos), está liberada sem cortes: José Marcelo de Lima Pontes, Carlos Marchi, Nílton Capareli e nosso mais bem-sucedido companheiro, o acadêmico Merval Pereira Filho.
     Que eles me perdoem a revelação de um fato do qual talvez nem recordem.

10 comentários:

  1. Que máximo!! Sou suspeita por gostar mais ainda do seu blog quando envolve os anjinhos Júlia e Pedro e,quando comenta algo que fez e faz parte da sua vida profissional: o jornalismo. Somos coleguinhas e olhando esse post automaticamente,mesmo sem ter nascido,parece que estou lá. Essa recordação me fez lembrar do saudoso Nariz de Cera.
    beijos

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  2. Tenho pensado em acrescentar algumas dessas novas lembranças ao 'Nariz de Cera', Patrícia. Como se fossem 'suítes', que é como chamamos (ainda?) as continuações das matérias. São histórias comuns, mas que têmlá seu charme.

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  3. Concordo com a Patricia, sou fã de carteirinha de Julia & Pedro e do Nariz de Cera.

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  4. Terezinha, minha editora mais antiga preferida do velho JB(Angela Santangelo é a preferida mais recente). As crianças e nossos dias nas redações são inspiradores, pelo conteúdo. Obrigado.

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  5. Oba,oba,obaaaaa (igual criança quando vibra)acrescenta sim as suítes,que estudei na faculdade e,pelo que sei,ainda existe esse termo.

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  6. Estou acrescentando, aos poucos, Patrícia. Obrigado pelo entusiasmo.

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  7. Lembro-me de vc, como chefe de reportagem do Globo, 77 ou 78. Lembro-me de como tratava seus subalternos, aquela época, eu com 15 anos, era contínuo na redaçao. Vc sabe que vc era um dos profissionais de imprensa mais querido pelo "resto" dos profissionais do jornal, principalmente pela sua competencia e por não deixar que o "Glamour" da profissão-fim da empresa lhe subisse a cabeça, coisa que infelimente não acontecia nem com os estágiarios da redação. Após, fui promovido, indo trabalhar na area de RH e me formei em Jornalismo com bolsa de estudos oferecida pela empresa. Infelizmente fiquei na área por pouco tempo e sucumbi a um concurso público que me dava mais segurança e menos aventuras. Um prazer lhe reencontrar. Grande Abraço.
    Pedro Faria
    ranchofaria@ig.com.br

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  8. Lembro-me de vc, como chefe de reportagem do Globo, 77 ou 78. Lembro-me de como tratava seus subalternos, aquela época, eu com 15 anos, era contínuo na redaçao. Vc sabe que vc era um dos profissionais de imprensa mais querido pelo "resto" dos profissionais do jornal, principalmente pela sua competencia e por não deixar que o "Glamour" da profissão-fim da empresa lhe subisse a cabeça, coisa que infelimente não acontecia nem com os estágiarios da redação. Após, fui promovido, indo trabalhar na area de RH e me formei em Jornalismo com bolsa de estudos oferecida pela empresa. Infelizmente fiquei na área por pouco tempo e sucumbi a um concurso público que me dava mais segurança e menos aventuras. Um prazer lhe reencontrar. Grande Abraço.
    Pedro Faria
    ranchofaria@ig.com.br

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  9. Lembro-me de vc, como chefe de reportagem do Globo, 77 ou 78. Lembro-me de como tratava seus subalternos, aquela época, eu com 15 anos, era contínuo na redaçao. Vc sabe que vc era um dos profissionais de imprensa mais querido pelo "resto" dos profissionais do jornal, principalmente pela sua competencia e por não deixar que o "Glamour" da profissão-fim da empresa lhe subisse a cabeça, coisa que infelimente não acontecia nem com os estágiarios da redação. Após, fui promovido, indo trabalhar na area de RH e me formei em Jornalismo com bolsa de estudos oferecida pela empresa. Infelizmente fiquei na área por pouco tempo e sucumbi a um concurso público que me dava mais segurança e menos aventuras. Um prazer lhe reencontrar. Grande Abraço.
    Pedro Faria
    ranchofaria@ig.com.br

    9 de abril de 2013 18:53

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  10. Obrigado pelas palavras gentis, Pedro.
    Os anos de O Globo foram especialmente importantes na minha vida e me ajudaram muito nas novas fases que se seguiram.
    Fico lisonjeado ao saber que você que me redescobriu através do Blog, um dos meus desafios diários.
    Apareça sempre e fique à vontade para comentar, trocar ideias.
    Abraços do Marco Antonio.

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