sábado, 28 de janeiro de 2012

A Justiça e o Mensalão

     A acusação pode recender a mais uma das muitas 'teorias da conspiração' que trafegam livremente e inconsequentemente na sociedade. Pode, também, ser um ato desesperado de um poder - o Judiciário - que jamais foi tão contestado quanto nos últimos tempos. Afinal, nossos magistrados, de todos os níveis, estão sendo acusados das práticas mais reprováveis, comuns naqueles que passam pelos bancos de réus.
     Supersalários - absolutamente incompatíveis com qualquer parâmetro que se possa imaginar -, eventuais vendas de sentenças (algo estarrecedor) e uma enorme capacidade de blindagem são alguns dos males atribuídos aos nossos juízes, que em pouco tempo têm assistido ao prestígio do Judiciário despencar em queda livre.
     Por trás de toda essa pressão, no entanto, segundo magistrados reunidos em Teresina para discutir caminhos para melhorar suas atividades e ouvidos pelo Estadão, estaria um projeto de desestabilização planejado para favorecer os réus do Mensalão - maior escândalo da história recente do país -, que irão a julgamento provavelmente este ano.
     Para alguns de seus representantes, os acusados (são 38) trabalham principalmente para pressionar o Supremo Tribunal Federal, que se sentiria sem força para condenar personagens como José Dirceu - o chefe da quadrilha que assaltou os cofres públicos, segundo denúncia da Procuradoria-Geral da República -, temendo reações organizadas.
     Ainda segundo o Estadão, o desembargador Marcus Faver, dirigente máximo do Colégio de Presidentes dos Tribunais de Justiça, é um dos que desconfiam das ações contra o Judiciário: "O Judiciário brasileiro está sofrendo um abalo nas suas estruturas. A quem interessa abalar as estruturas de um Poder constituído e que defende os princípios democráticos de um País?", questiona.
     Teoria da conspiração, desculpa ou a sensibilidade de quem está acostumado a tratar com delinquentes?

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