Quebrando nozes
Júlia gostou do Quebra-Nozes e do Teatro Municipal, que está realmente lindo. Confessou que ficou "um pouco cansada", no fim, e que não entendeu direito a presença do tal "soldadinho", reações normais para alguém que está a meio caminho dos nove anos e que vem se encantando com as possibilidades abertas pela música e pela dança. Mas gostou, sim.
Ela foi com a mãe, com um casal de 'tios' - a 'tia' é amiga de Flávia desde os primeiros momentos do ensino fundamental) e dois primos, de 13 e 9 anos. Os moleques, fanáticos por futebol e UFCs, reagiram - digamos - de uma maneira diferente.
O mais velho, um aluno exemplar, enorme para a idade e que já arranca suspiros nas meninas, na saída, cochichou, no ouvido da mãe, algo como: "Se cultura for isso, eu vou ficar burro"(*), em tom zombeteiro.
O mais novo, que não ouvira o comentário, foi menos discreto e arrancou gargalhadas de todos os que estavam em volta, com um desabafo em alto e bom som:
- Eu nunca mais vou voltar aqui!
É claro que foram reações de meninos mais afeitos e pontapés nas peladas diárias do que a 'paux de deux'. Eles talvez não saibam, ainda, mas vão agradecer essa oportunidade, no futuro.
(*) Mantive o texto original, mas faço as ressalva abaixos, advertido por Flávia, testemunha ocular e auditiva. A frase correta do mais velho foi a seguinte: "Se isso é cultura, eu odeio cultura", o que não é verdade, claro. Outra correção: a mãe não permite que os meninos vejam UFC, no que faz muito bem, diga-se. Não adiantou eu argumentar que essa imagem era uma espécie de - digamos - 'licença poética', para reforçar o perfil dos moleques.
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