segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

A exploração da miséria

     O ministro Gilberto Carvalho, secretário-geral da Presidência e carregador das malas da propina que as empresa de ônibus de Santo André pagavam ao PT - segundo a família do ex-prefeito Celso Daniel, no processo que apura seu assassinato, há 10 anos -, decidiu falar sobre a retirada das pessoas que invadiram uma área particular em São José dos Campos.
     Com a seriedade de ex-seminarista que jurou dar a vida pelo ex-presidente Lula, cometeu mais um dos pecados que vem acumulando ao longo dessa vida de penitências: a mentira. A esse, podemos somar, sem mede de errar, a avareza, que - de acordo com as novas interpretações bíblicas - é irmã da corrupção nas esferas do poder público, marca registrada dos governos aos quais ele vem servindo com fervor.
     Pois o ministro aproveitou esse episódio lamentável, insuflado pelos grupos partidários de sempre, para fazer campanha política da forma mais rasteira, esquecendo seu papel de servidor público. Com a lógica dos demagogos irresponsáveis, disse que ainda existiam "caminhos de negociação não esgotados", sem citar um sequer. Não satisfeito, acusou o governo estadual, não por acaso do PSDB, de intolerante.
     Fazendo eco a um dos seguidores mais fieis da doutrina lulista, o presidente do PT, deputado Rui Falcão, condenou os governos estadual e municipal (ambos do PSDB, é claro) e o Tribunal de Justiça pelos atos que classificou de "lamentáveis". Em nenhum momento os dois próceres citaram o fato de a retomada de posse ter sido ordenada pela Justiça, depois de esgotadas todas as tentativas de acordo. E que a Polícia Militar apenas e tão-somente cumpriu uma ordem, respaldada pelo presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), ministro Ari Pargendler.
     O desfecho foi agradável? É claro que não. Aliás, era previsível, em função da exploração partidária promovida pelos baderneiros de sempre. Mas ordens judiciais não podem ser discutidas pelos executores, devem ser cumpridas. Ou estaria estabelecido o caos institucional. Só há um caminho em contraditórios.
     A necessidade de uma reforma judicial e as denúncias contra juízes são outras questões, que não podem ser invocadas em debates sérios. Paralemente, a Polícia Militar estaria assinando seu atestado de óbito, ao não conseguir executar uma determinação da Justiça.
     Em um país mais justo, não haveria necessidade de invadir um local para garantir o direito à moradia. Caberia ao Governo - dominado pelo PT há 11 anos - proporcionar teto a seus cidadãos, o que não fez até hoje. Não existiria, portanto, necessidade do uso da força policial para garantir direitos adquiridos. Mas a companheirada está sempre de plantão, para explorar todo o qualquer incidente, com a cumplicidade da irreponsabilidade com o país.

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