segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Mentiras em videoteipe

     Não é muito difícil - sou obrigado a admitir - criticar o atual Governo, há nove anos no poder. O acúmulo de desvios de conduta nos últimos tempos não tem precedentes na história republicana. Pratica-se, em Brasília, o culto ao desrespeito e à soberba. As táticas mais primárias de diversionismo são empregadas pelos pensadores do Alvorada como se o país fosse povoado de irreversíveis imbecis desmemoriados, incapazes de avaliar, analisar, julgar.
     O ex-presidente Lula construiu sua vida política - de inegável sucesso - calçado no ilusionismo, na manipulação, na aposta na ignorância, na demagogia mais barata. Mentiras e verdades relativas se transformavam em fatos capazes de fazer o mundo se dobrar ante o Brasil. Nunca houve tantas promessas jamais cumpridas, tantas versões adulteradas para fatos incontestes, tantas negativas e acusações.
     O ex-ministro das Comunicações, o ex-jornalista Franklin Martins, cumpriu com extremo sucesso a tarefa de desviar a atenção para as inúmeras falcatruas do governo passado, ao mesmo tempo em que - graças à sua experiência profissional - criava manchetes e destruía reputações, contando com a complacência e/ou incompetência de coleguinhas cooptados politicamente.
     O Governo Dilma, incomparavelmente mais sóbrio do que o do seu antecessor, padece, no entanto, do mesmo mal. Às denúncias, responde com apoio aos denunciados, até que não é mais possível ignorar o atropelo de fatos desabonadores. No seu ministério, convivem três personagens que deveriam estar respondendo a processos: Mário Negromonte (PP), das Cidades, por manipulação criminosa de laudos técnicos para alterar projeto viário; Fernando Pimentel (PT), do Desenvolvimento - por abocanhar fortuna pessoal por 'consultorias' jamais feitas; e Fernando Bezerra (PSB), da Integração, o tal que desviou 90% das verbas para prevenção de enchentes para seu domicílio eleitoral, Pernambuco.
     Hoje, confrontado pela catástrofe que atinge o Sudeste, o Governo - sem respostas para a indignação do país - anunciou um pacote de ações que, na prática, nada representam. Ações requentadas, quase idênticas às apresentadas há um ano. Antes de Veja constatar mais esse engodo, eu já antecipava, aqui no Blog, ontem, que de onde menos se esperava é que não sairia nada, mesmo.
     Duas dezenas de mortes depois, a Presidência da República descobriu que chove muito no Rio, em Minas e no Espírito Santo há quase 15 dias. E que é preciso fazer alguma coisa. E fez o que - repito, sem presunção - anunciei ontem, aqui no Blog, e tomo a liberdade de repetir agora: "Uma reação que mira o noticiário, tentando angariar simpatia, justamente quando fica comprovado, mais uma vez, o fracasso de todos os projetos anunciados há um ano, em especial o de prevenção dos efeitos de catástrofes naturais."

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