terça-feira, 25 de outubro de 2011

Um jantar proveitoso

     Torci, até, para que o ex-presidente Lula respeitasse sua história, quando venceu a primeira eleição, em 2002. Não votei nele, não tinha esperanças, mas imagino, sempre, que todos devemos abrir corações e mentes quando olhamos para o bem maior. Mas jamais escondi - ao contrário, reafirmo isso todos os dias - que o ex-presidente, para mim, é a síntese do que há de mais medíocre e melancólico na política mundial.
     Um arremedo dos coroneis que vicejaram no interior brasileiro até a segunda metade do século passado. Aqueles, trocavam votos por dentaduras, criaram dependentes físicos e fisiológicos do seu poder. Lula - que é muitíssimo em retratado, hoje, em O Globo, pelo excelente historiador Marco Antonio Villa, da Universidade Federal de São Carlos - foi além, sem constrangimentos, sem pudores, sem respeito, principalmente, aos miseráveis que acreditam nele. Repito sempre que Lula, por ser desprovido de superego, não tem limites.
     Fiz essa abertura para reafirmar que, apesar das inúmeras divergências ideológicas, acredito que a presidente Dilma Roussef é um mal menor para o país - se comparada a Lula. Mais discreta, mais antenada com o mundo, pelo menos não tem envergonhado - por palavras e atos - a parcela da população que consegue distinguir entre política e politicagem.
     Por isso, sou obrigado a aplaudir a iniciativa de receber, hoje, no Palácio, para um certamente proveitoso encontro, o grupo de personalidades mundiais (The Elders) que está reunido no Rio. Dilma, nos relembra a Folha, vai jantar ao lado de Fernando Henrique Cardoso; do arcebispo sul-africano Desmond Tutu; do ex-presidente norte-americano Jimmy Carter; de Martti Ahtisaari, ex-presidente da Finlândia; de Gro Brundtland, ex-primeira-ministra da Noruega; e de Mary Robinson, a primeira mulher a assumir a presidência da Irlanda e ex-alta comissária da ONU para Direitos Humanos. Só estará faltando o ex-presidente sul-africano, Nelson mandela, criador do grupo, que está adoentado.
     É o tipo de reunião que só acrescenta, a qualquer líder mundial. Que a presidente absorva alguma coisa em visão de mundo; que amplie seu horizonte para além do sectarismo político do PT; que aprenda a encarar o cargo como uma entrega, e não como forma de perpetuar um projeto de poder. O Brasil agradeceria.

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