quarta-feira, 26 de outubro de 2011

A morte premeditada

     Os legistas ingleses concluíram que a cantora Amy Winehouse morreu por ingestão excessiva de álcool, um acidente fatal. O laudo, técnico, por óbvio, deixa de relacionar as causas paralelas que levaram uma menina de apenas 27 anos a morrer progressiva e inapelavelmente nos últimos sete anos, pelo menos.
     Amy estava morrendo diariamente há muito tempo, vítima de um desastrado modo de vida, desnorteada, explorada de maneira abjeta por produtores, 'amigos' e uma mídia que sobrevive da miséria, que não teve, jamais, a dignidade de olhar para ela como apenas uma jovem - embora talentosa - que necessitava desesperadamente de apoio.
     Todas as lamentações posteriores tiveram, para mim, um gosto de demagogia, inescrupoloso. Cada desmaio em show, provocado por consumo de bebidas e/ou drogas, era apresentado como expressão de rebeldia, de arte, de inconformismo, de talento. Cada queda era exaltada como mais um passo na carreira.
     Quando Amy morreu - talvez por ter duas filhas mais velhas do ela -, fiquei consternado, sim. Não por ser fã de suas músicas, ou de seu talento artístico - na verdade, nunca fui. Mas por ver que o mundo sugou essa jovem, num homicídio anunciado e premeditado.
     Não, a jovem cantora inglesa não moreu acidentalmente, como atesta o laudo da necropsia. Ela foi assassinada, dia após dia, de forma meticulosa e cruel.

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