quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Sangramento desnecessário

     O ainda ministro do Esporte, Orlando Silva, sangrou até o fim. Nossos jornais já anunciam o que está previsto desde o primeiro dia: ele vai entregar uma 'carta de demissão' na qual deverá se defender das acusações, agradecer o apoio total da presidente e anunciar que vai provar, em todas as instâncias, que é um homem digno. Exatamente o mesmo script seguido pelos ex-ministros que foram defenestrados, antes dele, pelas denúncias de corrupção.
     Não há 'casco duro' que resista a tantas evidências de atos indignos, de tanta manipulação de verbas públicas, de enriquecimento ilícito, de promiscuidade com elementos desclassificados. Na história recente do país, só um político sobreviveu a uma avalanche de denúncias que soterraria qualquer mortal: o ex-presidente Lula, que se manteve no cargo e foi reeleito mesmo depois do escândalo do Mensalão.
     Mas Lula é um caso especial. Um caso que tem tudo para se transformar em referência para futuros estudos sociológicos. Orlando Silva, ao contrário, não tem carisma, não tem história política. É - era - um quadro partidário com boa formação, inteligente, articulado. Nada mais.
     Só sobreviveu à torrente de denúncias graças aos acertos que costuraram o apoio do PCdoB ao PT desde a primeira eleição de Lula. O partido vem sendo 'fiel' desde então, e cobrou por essa fidelidade, usando até mesmo o ex-presidente como interlocutor.
     Foi um desgaste desnecessário, com um fim previsível e anunciado, inclusive por mim, aqui nesse espaço, exatamente no dia 17 de outubro, no texto 'Na Marca do Pênalti'. Essa tragédia vem se repetindo à exaustão nessa prorrogação da 'Era Lula' e só dá mais força à fama de país corrupto que o Brasil cultivou pelo mundo.
    

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