segunda-feira, 3 de outubro de 2011

A louvação do prefeito

     A prefeita de Campos, Rosinha Garotinho (PR), foi cassada por uma juíza local, recorreu e reassumiu o posto, enquanto o processo é julgado pelo Tribunal Regional Eleitoral. Seu crime - pelo menos o que justificou a decisão da tal juíza: uso do poder econômico ao divulgar sua candidatura em um programa de rádio comendado pelo marido.
     Quando isso aconteceu, semana pasada, tomei a liberdade não de defender a prefeita, com quem não tenho a menor afinidade, mas a isonomia no tratamento. Se seus atos merecem punição, o que dizer da atuação do ex-presidente Lula, durante a campanha que elegeu Dilma Roussef?
     Seguindo nesse raciocínio, mesmo sabendo que ainda não estamos oficialmente em campanha eleitoral, fico imaginando o castigo que seria justo para o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PMDB e ex-PFL e ex-PSDB), depois da publicação, ontem, da exorbitante publicidade de seu governo.
     A prefeitura, que não tem recursos para ampliar a Guarda Municipal e combater eficientemente a praga dos flanelinhas, por exemplo, gastou uma fábula - podem ter certeza - para ocupar a primeira página de O Globo com a reedição da cobertura da escolha da cidade para sediar a Olimpíada de 2016 e com a página seguinte, dedicada a exibir as obras que estão sendo feitas, necessariamente.
     Foram duas páginas inteiras no 'maior jornal do Brasil' (e em outros veículos, também), num domingo, para tecer 'loas' ao governo. Se transformado em recuperação de hospitais (outro exemplo), esse espaço de louvação teria um destino muito mais nobre do que forrar gaiolas de passarinho ou embrulhar peixes a partir de hoje.

2 comentários:

  1. Marco, infelizmente está tudo dominado! A mídia, os Poderes Legislativo e Judiciário e até as Forças Armadas, servem hoje aos interesses do governo.
    Para mim, não é de hoje que os nossos jornais perderam credibilidade. O exemplo apresentado por você apenas comprova essa subserviência. Para o público que, por exemplo, se encanta com os polpudos rendimentos do Bolsa Família, o Globo terá por certo um destino mais adequado e ainda menos nobre que forrar gaiolas ou embrulhar peixes...

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  2. Você sabe que eu valorizo a participação dos meios de comunicação na vida de qualquer país. Talvez a minha crítica tenha vindo desse sentimento. O espaço dos jornais é tão importante, para mim, que reajo ao vê-lo desperdiçado com um texto tão preconceituoso e dirigido, como o que retratou Míriam Rios (a quem não conheço e em quem - é claro! - não votei), ou com uma publicidade como a do Eduardo Paes, paga com o dinheiro do nossos impostos.

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