terça-feira, 25 de outubro de 2011

Eles não conhecem a cidade

     A cada intervenção desastrosa no trânsito, como a que está sendo realizada na Zona Portuária; a cada criação estúpida de faixas seletivas, como a da Avenida Brasil; a cada urbanização desencontrada com a realidade, como a que foi executada em Campo Grande; mais eu me convenço que essa turma da engenharia e projetos da Prefeitura, em especial, não entende nada de Rio de Janeiro, da sua gente, das suas especificidades.
     Dois dias, apenas, e o inferno instalou-se na área portuária, atingindo milhares de pessoas, atrasando negócios, poluindo e estressando. Será que ninguém avisou aos gênios que estão bolando as mudanças - bem interessantes, é verdade - que a situação na área é de caos, diariamente? E que qualquer redução ou modança, sem alternativas decentes, naturalmente levaria ao tumulto?
     Usar a Perimetral, que será destruída em parte, já era um desafio em condições normais de pressão e temperatura. Com interdições e desvios, o que já é ruim transformou-se em péssimo. Já imaginaram mais quatro anos assim?
     A seletiva da Avenida Brasil é outro exemplo, já antigo, de ignorância total do - digamos - 'espírito carioca' e da situação geográfica em geral. Ela fica na esquerda das pistas e todas - eu disse TODAS - as saídas para bairros ou rodovias ficam à direita. Isso quer dizer que TODOS os ônibus que saem do município do Rio, pela Brasil, são obrigados a cruzar três pistas de rolamento, pelo menos (exceto os que usam a Ponte, cujo acesso fica à direita).
     Num horário de pico, essa obrigação gera um retenção de trânsito quilométrica. Para tudo, em todas as pistas. Um percurso que poderia ser feito em vinte ou trinta minutos leva o dobro, pelo menos. Sem falar na falta total de civilidade dos motoristas que invadem a seletiva e saem pouco antes dos 'pardais' de fiscalização, aumentando o caos e pondo em risco a segurança dos demais. Isso acontece todos os dias, o dia todo. E fica por isso mesmo. E derruba a conversa fiada de privilegiar o transporte coletivo, pois, na prática, apenas pune os que seguem a lei. Será que nossos planejadores acreditavam que o motorista carioca iria respeitar a lei?
     Para encerrar - há diversos outros exemplos pela cidade -, uma referência à obra que alterou o acesso ao viaduto que liga os dois lados de Campo Grande. Antes, o trânsito já era um horror. Há algum tempo, transformou-se numa comédia pastelão.

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