sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Não à barbárie

     Sou obrigado a concordar, em parte, com a presidente Dilma Roussef: não comemoro mortes, embora não lamente algumas, como a dos ex-ditadores líbio Muamar Kadafi e iraquiano Saddan Hussein - já nem falo da execução sumária do terrorista Osama Bin Laden, que considerei, desde sempre, um simples ato de defesa.
     Algumas mortes chocam mais, pela violência explícita, por envolverem personalidades que, de uma maneira outra, faziam parte da nossa vida, das nossas preocupações. Durante muitos anos, foi impossível ignorar a existência do coronel Muamar Kadafi, um líder louco que, entre seus feitos, contabiliza a derrubada de um avião civil, repleto de passageiros.
     Não fiquei feliz ao ver as imagens de seu corpo, tripudiado por uma multidão. Preferia que fosse preso, passasse por um julgamento formal - mesmo que simbólico - e recebesse a pena justa pelos seus crimes hediondos, perpetrados contra o mundo e contra seus próprios cidadãos.
     A barbárie, por definição, alimenta a barbárie. Todo procedimento que siga as leis é sempre preferível do que a tomada das leis. Mesmo que essas leis estejam solapadas pelo arbítrio.
     Concordo, sim, em parte com a presidente. Talvez por motivos diferentes. Jamais defendi ou me alinhei com a parcela do mundo que vem atropelando a razão, por ignorância, sectarismo religioso, deformação ideológica ou o mais medíocre e primário ressentimento.
     Infelizmente, o Brasil dos últimos anos deu demonstrações públicas de cegueira e atraso, ao se colocar quase sempre no lado errado das questões, em busca de um protagonismo infantil, calcado no confrontamento com o 'imperialismo'. Esteve ao lado de Saddan e de Kadafi. Está com os assassinos iranianos e africanos e não esconde sua identificação com ditaduras vagabundas como a venezuelana e a cubana.
     O mundo está se encarregando de mostrar que nossos caminhos estiveram e estão em dessintonia com o futuro.

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