quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Comendo farelos

     Eu quase estou sentindo, mesmo à distância, as lágrimas irresistivelmente despejadas pelos nossos manipuladores - eu queria dizer analistas, mas minha consciência me obrigou a mudar a qualificação - de notícias políticas. A Folha está chegando úmida às bancas e casas dos assinantes, contaminada pelo pesar de uma das suas principais comentaristas.
     No Estadão on line , permanece em destaque aquele texto sobre a 'faxina' realizada pela presidente Dilma Roussef, uma clara e evidente concessão ao politicamente correto. No Globo, o intimorato e feroz crítico da 'privataria' no governo Fernando Henrique ignora mais um ato espúrio de privatização direta do nosso dinheiro. A coluna da página dois - de onde saíram destacados personagens dos últimos governos - colocou antolhos.
     Ainda bem que, no geral, prevalecem o jornalismo, a notícia e o fato, que atropelam o comprometimento de alguns personagens com a causa petista. As reportagens e manchetes são devastadoras, pois aprofundam o debate da questão do uso de ONGs amigas para financiar o projeto de poder que se instalou no país há quase nove anos.
     Em alguns espaços, no entanto - pasmem -, houve quem enxergasse até determinação e segurança na apresentação do ainda ministro Orlando Silva, do Esporte. Mas essas afirmações não resistem a alguns segundos de avaliação das cenas gravadas no Congresso.
     Claramente acuado, apelando para a única defesa que tem - seu acusador seria um desqualificado -, o ministro não consegue passar emoção, apenas uma atuação linear, sem viço. Não é para menos. Como é que ele poderia explicar seu relacionamento tão amplo e irrestrito com essas pessoas que, agora, repudia?
     Andou com porcos, ministro? Chafurdou com eles? Coma os farelos.

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