terça-feira, 4 de outubro de 2011

Três décadas de omissão e demagogia

     A omissão criminosa dos diversos governos estaduais e municipais em relação à ocupação irregular de áreas públicas e privadas, ao longo das últimas três décadas, é a grande responsável pelos maiores problemas da cidade do Rio de Janeiro, entre os quais se destaca a violência.
     Com a desculpa vagabunda de estar 'socializando' o direito à moradia, esses governos estimularam o crescimento desenfreado de favelas e a posterior ocupação dessas comunidades pelo tráfico e milícias, no rastro da ausência do poder público.
     Na verdade, socializaram, basicamente, a miséria, o desrespeito aos princípios básicos de civilização, condenando gerações a nascerem, viverem e morrerem em condições medíocres, sem acesso aos bens de serviços. Paralelamente, ajudaram a descaracterizar a cidade, que viu a vegetação de seus morros ser devastada.
     Contra a 'violência' das remoções, usaram a covardia da tolerância. Tornou-se mais cômodo - além de garantir votos - fechar os olhos ao uso irregular do solo, responsável por centenas de mortes todos os anos, a cada temporal. Políticos irresponsáveis e criminosos comandaram, ainda comandam invasões e patrocinam ações para rertardar ou impedir o ordenamento do espaço público.
     O infortúnio dos que são obrigados a viver em comunidades abandonadas à própria sorte jamais foi combatido com seriedade. Onde estão os projetos habitacionais que deveriam atender a essa parcela da miserabilidade social? No lugar deles, antolhos providenciais. É muito mais barato deixar de cobrar pela luz e água. Ignorar a inexistência de rede de saneamento.
     Governos medíocres e demagogos inflingiram um dano talvez irreparável à cidade. Embora fruto desse caldo político envenenado, o prefeito Eduardo Paes - por quem não nutro maiores simpatias políticas - dá sinais de determinação, ao encarar alguns desafios, como os que estão se apresentando na urbanização de parte da Baixada de Jacarepaguá, incluindo Barra da Tijuca e Recreio dos Bandeirantes.
     A transferência dos moradores da Vila do Autódromo, favela que se espalhou pelas margens da Lagoa de Jacarepaguá, é uma das boas iniciativas. Além de proporcionar melhores condições de vida à população do local, que ficará a um quilômetro, apenas, da área original, dará um alento à Lagoa, que ficará livre do despejo direto de um volume absurdo de esgoto, além de restituir à cidade uma área que pertence a todos.

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