segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Privilégios e honra

     "Quando esses privilégios foram criados, o objetivo era que os deputados fossem livres e seus salários não os fizessem miseráveis, dependentes dos presidentes", disse Sarney ao jornal Zero Hora, do Rio Grande do Sul.
      A frase do ex-presidente da República e presidente do Senado, José Sarney - ao justificar o uso de um helicópetro oficial do Maranhão para ir à sua ilha particular - , contém, é inegável, parte da essência do exercício legislativo. Quando os legisladores imaginaram meios de dar aos representantes do povo a independência necessária para exercer sua atividade, englobaram, no 'pacote' que acompanha um mandato, um salário honroso e algumas regalias, sim, mas que não ofendessem a dignidade.
     Aos salários, que subiram estratosfericamente de patamar, somaram-se verbas para tudo. Do auxílio moradia às passagens aéreas (no caso dos deputados federais e senadores). Todos os limites foram superados. Nossos políticos estão entre os mais bem pagos do mundo. Nossas casas legislativas são as mais caras.
     Em contrapartida, a população recebe muito pouco em troca. O desgaste das nossas instituições é proporcional ao seu custo: enorme. Embora independentes financeiramente, a submissão aos governantes não diminuiu. Aumentou, apenas, o poder de barganha, a chantagem disfarçada.
     Sarney desmerece a função que exerce ao defender privilégios, sem apresentar o outro lado da moeda.

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