segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Drummond e o 'canarinho'

     Ao ler na Veja sobre o Dia D, hoje, dedicado ao poeta Carlos Drummond de Andrade (por iniciativa do Instituto Moreira Salles, inspirado na data dedicada ao escritor irlandês Jaime Joyce), fui jogado diretamente no túnel do tempo e despenquei na editoria de Esportes do Jornal do Brasil, em 1982, logo após a derrota brasileira para a Itália na segunda fase da Copa do Mundo, por 3 a 2, no episódio que nós, brasileiros, batizamos de 'a tragédia do Sarriá'. A Copa acabou sendo vencida pelos italianos (3 a 1 sobre a Alemanha, na final).
     Todos nós estávamos preparados para fechar mais uma edição festiva. O Brasil vinha encantando o mundo com um futebol diferenciado, que contava com a arte de quatro grandíssimos jogadores: Zico, Falcão, Sócrates e Júnior. O resultado balançou a equipe de jornalistas, que era chefiada, aqui no Rio, pelo saudoso João Areosa, um personagem que marcou nossa crônica esportiva.
     Na época, Drummond era um colaborador ativo do JB. Areosa, em mais um momento inspirado, imaginou uma nova capa para o caderno que, naquele ano, conquistou o 'Prêmio Esso de Jornalismo': um texto do poeta, que gostava de futebol, sobre a derrota. Nasceu um poema: 'Perder, ganhar, viver', cujo título ilustra meu Blog. Um daqueles textos comoventes, mas que, ao fim, exortava o brasileiro a enxugar as lágrimas e voltar ao batente, que já era tempo.
     Coube a mim, nesse dia, ler, reler, eventualmente corrigir algum tropeço do poeta e 'fechar' a página, com o ótimo diagramador Ivani Yasbeck. A ilustração não poderia ter sido mais adequada: Drummond confortando um canarinho machucado, num traço do ótimo Chico, que abrilhantava o JB, nessa época ainda gloriosa.
     Foi o dia em que eu ousei 'copidescar' Drummond.

2 comentários:

  1. Os personagens certamente ajudaram, Patrícia. Do Drummond ao meu amigo e editor João Areosa, que já não está mais entre nós.

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