quinta-feira, 6 de outubro de 2011

O vexame de Cochabamba

     Evito comentar atuações, analisar táticas, criticar juízes. Especialmente em jogos do Vasco. Não por falta do que escrever, de teses a defender. Afinal, todo brasileiro com mais de cinco/seis anos tem lá suas ideias sobre futebol. Normalmente deixo essa tarefa para a turma mais atualizada, como Lédio Carmona e Paulo Júlio Clements, ex-companheiros de Jornal do Brasil, de tribunas de imprensa e de campos de pelada (no caso de Paulo Júlio).     
     Mas não consegui resistir à compulsão de avaliar a vergonhosa estreia do Vasco na Copa Sul-Americana, ontem à noite, com direito à transmissão do vexame pela Globo. Para minimizar a derrota para o bando de bolivianos de um tal de Aurora (uma equipe absolutamente simplória, que tem apenas duas armas: correr, aproveitando  a altitude, e bater), o argumento de que o líder do campeonato brasileiro escalou nove reservas e levou apenas 15 jogadores para Cochabamba, a fim de poupar seus titulares para o jogo com o Internacional, domingo.
     Mais ou menos. Dos nove reservas, pelo menos dois (Felipe e Bernardo, jovens compadres que protagonizaram uma cena lamentável, ao quase se socarem em campo) jogam sistematicamente. O lateral-esquerdo Julinho também abndou sendo escalado como titular, assim como Leandro, um dos propalados e superdimensionados reforços da equipe.
     É verdade inteira que o centroavante (?) Patrick é praticamente desconhecido e que Jonhatan - o outro atacante - andava sumido até dos bancos há muito tempo. Mas o Élton, titular até domingo passado, quando levou o terceiro cartão amarelo, e Márcio Careca estavam no banco.
     Além disso, qualquer um que vista a camisa do Vasco tem a obrigação de ser - pelo menos - razoavelmente preparado, saber dar um passe de três metros, driblar, chutar na direção certa etc etc.
     O que se viu, no entanto, foi uma atuação lamentável os todos os pontos de vista. O time foi individualmente primário - só o lateral Fágner se salvou da mediocridade - e taticamente desastroso.
     Ao optar pela irresponsabilidade, dirigentes e comissão técnica do Vasco desrespeitaram a história do clube, as 32 mil pessoas que foram ao estádio ver dois times de futebol e os milhões de torcedores que acompanharam o jogo pelas tevê. Se a Sul-Americana não tem importância, que o clube cedesse a vaga para o vizinho São Cristóvão, por exemplo. Evitaria esse desastre internacional.

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