segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Brasil exibe o 'derriére'

     Durante muitos anos a fanfarronice do governo Lula satanizou o ex-chanceler Celso Lafer por ter sido obrigado a tirar os sapatos durante um procedimento de segurança, ao desembarcar nos Estados Unidos. Foram anos de deboche, atribuindo o fato a uma eventual tibieza do governo Fernando Henrique frente ao 'império do mal'.  
     Jamais foram levados em conta a reação brasileira e o pedido formal de desculpas do Governo Americano, que vivia os momentos turbulentos do pós-atentado ao World Center, quando o controle, especialmente nos aeroportos, foi levado a extremo. Esse episódio - que não se restringiu ao diplomata brasileiro, que fique bem claro - foi usado em entrevistas, debates etc, anos seguidos.
     Pois bem. Lemos hoje, em todos os jornais, que a nossa presidente, Dilma Roussef, foi a Bruxelas, acompanhada pelo ministro dos Esportes, Orlando Silva, para um encontro reservado com o secretário-geral da Fifa, um tal de Jérome Valcke, no qual o Governo Brasileiro tirou não só sapatos retóricos, mas exibiu o 'derrière' (já que o 'rendezvous' aconteceu na Bélgica, país que cultiva o francês).
     A começar pelo inusitado de a presidente de uma país ir ao encontro de um burocrata de uma entidade particular que se dedica a um esporte - mesmo que seja o futebol. Chefes de nação, presume-se, discutem com seus semelhantes. Nada, nem mesmo a realização da Copa do Mundo, justifica essa demonstração de fraqueza.
     Em pouco mais de uma hora, segundo O Globo, o Brasil - acuado pela ameaça de perder a competição por não estar cumprindo os comprmissos firmados - renovou garantias e jurou que vai rever todos os pontos que a Fifa considera polêmicos, entre elas a proibição de venda de bebidas alcoólicas nos estádios e meia entrada para estudantes e idosos, num evidente atropelo das leis nacionais.
     Um leão ao enfrentar o imperialismo americano e defender ditadores assassinos, o Brasil exibiu sua face de gatinho angorá quando confrontado com a ameaça de perder a Copa e comprometer - não tenham dúvida - os projetos eleitorais dos atuais ocupantes do poder.

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