sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Os socos no ar

     O confronto entre torcedores e dirigentes tricolores e os jornalistas que cobrem o dia a dia do clube, me remeteu à época em que, naturalmente - até mesmo por ser vice-presidente da Associação dos Cronistas Esportivos do Rio de Janeiro, em duas gestões, após ter sido diretor financeiro de lendário Oldemário Touguinhó durante vários anos - me transformei em uma referência na antiga tribuna de imprensa de São Januário.
     Foi uma época difícil, não pelos títulos conquistados pelo Clube (muitos, naqueles anos 1990), mas pelo rancor que havia entre a direção (leia-se Eurico Miranda ) e os jornalistas. Um rancor que se espalhava pelas sociais e arquibancadas.
     Em certa ocasião - lembrei perfeitamente disso, agora, ao ler o noticiário de O Globo e ver a foto da quase agressão a um repórter -, precisei usar todas as minhas 'armas' para dissuadir um grupo que queria invadir o setor e dar umas bordoadas em um jovem que não se conteve e festejou, embora timidamente, um gol contra o Vasco.
     O leve soco no ar desferido pelo incauto torcedor/jornalista, não necessariamente nessa ordem - era rubro-negro, sou obrigado a informar -, foi percebido pelos que estavam ao redor. E a gritaria começou. Corri para o lugar da confusão, nas cadeiras mais altas (eu só assistia aos jogos na primeira fila da Tribuna, para ter a visão livre de todo o campo), exibi minha carteira de sócio proprietário - fui sócio do Vasco por muitos e muitos anos -, falei das minhas origens, inventei umas desculpas para o gesto do tresloucado coleguinha e, graças a um gol do 'nosso' time, as coisas se acalmaram.
     Tudo isso para dizer que não há desculpas para a violência. Os meninos que vão às Laranjeiras estão trabalhando, divulgando um clube com uma história enorme no futebol brasileiro. Mas aproveito para lembrar que futebol é pura paixão e, como tal, transcende à razão.
     Cabe à diretoria garantir a segurança dos que vão trabalhar. Mas cabe aos que vão trabalhar manter um comportamento acima de suspeitas. Nada de 'socos no ar'.

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