segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Um discípulo aplicado

     O ainda ministro do Esporte, Orlando Silva (PCdoB), está mostrando ter 'casco duro', como recomendou há alguns dias o ex-presidente Lula, referindo-se à necessidade de os acusados de corrupção lutarem até o fim para preservar seus cargos. Ele não disse, mas certamente está se referindo, de maneira indireta, à sua atuação quando do escândalo do Mensalão, em especial, quando ele se calou, negou, transferiu culpas e voltou a negar, apesar de todas as evidências. Evidências que se transformaram no processo que corre no Supremo Tribunal Federal contra "uma quadrilha que assaltou os cofres públicos", segundo o Ministério Público.
     Orlando Silva, atento ao que o mestre mandou, nega, mesmo confrontado com gravações de conversas no seu Ministério e acusações diretas. Se não bastasse negar, anunciou, em nota oficial, que o Ministério abriu sindicância para apurar as denúncias que envolvem funcionários (os que foram gravados, não ele, é claro). Algo como - desculpem a imagem pobre, mas bem realista - mandar um par de raposas malandras verificar se está tudo bem no galinheiro.
     O mais surpreende nos últimos anos - na verdade, não deveria surpreender, pela recorrência - é a extrema capacidade que os donos do Poder têm de tergiversar, de tentar transformar realidades, confiantes na manipulação das informações, na protelação de fatos.
     Nos escândalos anteriores registrados no Governo Dilma, os acusados perderam os cargos, mas saíram, ilesos, esquecidos pelos acusadores. No caso do ministro do Esporte, no entanto, a determinação do tal policial militar João Dias Ferreira parece ser proporcional à sua luta para não ter que devolver os R$ 3 milhões que sua ONG teria embolsado indevidamente. Ou, pelo menos, para dividir o prejuízo: ele perde a grana, mas arrasta seus ex-companheiros de lutas e de partido para a lama.
     Companheiros, no plural, sim. Não podemos esquecer que o ex-ministro Agnelo Queiroz, atual governador do Distrito Federal, também está bem perto da marca do pênalti.

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