quinta-feira, 20 de outubro de 2011

O mundo ficou menos pior

     O mundo livrou-se, hoje, de um de seus menos dignos representantes. A morte do ex-ditador líbio Muamar Kadafi, nas circunstâncias em que aconteceu - ferido durante mais uma fuga, maltrapilho, abandonado - remete à prisão - seguida pelo enforcamento - de outro assassino, o ex-presidente iraquiano Saddan Hussein, entocado em um buraco, sujo, sem a menor dignidade.
     Dois momentos trágicos de uma história que ainda está longe de ser escritas, em uma das regiões mais abaladas pela violência, pelo sectarismo religioso, pela extrema e profunda ignorância das populações, mantidas sob o jugo de tiranos que exploram o poder sobre as massas desinformadas, manipuladas ideologicamente desde o nascimento.
     A lamentar, na verdade, apenas o fato de que o desaparecimento do antigo terrorista que dominou o país por quatro décadas não representa, por si só, a garantia de novos tempos, do início de uma libertação, também, do enorme atraso e do ódio que permeiam a região, resultado - não há como desconhecer - da ganância e da exploração de alguns séculos de dominação e pilhagem.
     O exemplo egípcio está aí, bem vivo. A destituição do ditador Hosni Mubarak, consolidada há alguns meses, após uma mobilização jamais vista no país, não representou a tão esperada transição para, pelo menos, algo próximo de uma democracia. Os mesmos grupos continuam no poder, adiando compromissos, costurando acordos que passam longe da vontade expressa nas ruas e praças do Cairo.
     O Iraque - embora os inegáveis avanços - é, ainda, um enorme turbilhão de mortes, atentados, violência. Na Síria, a tendência - até como forma de se preservar - é o governo aumentar ainda mais a repressão aos movimentos de oposição ao regime, instituindo a violência como única forma de resposta.
     No meio de tudo isso, o Irã, não-árabe, mas talvez o mais descerebrado de todos os regimes, comandado por religiosos extremistas, radicais, ignorantes. Um país terrorista, na essência, assim como foram o Iraque e a Líbia.

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