Há muitos detalhes, relatos de encontros, nomes de pessoas, de entidades. Até mesmo dos dias em que os fatos acontecerem. Sem falar nos valores mencionados, que podem chegar a mais de R$ 40 milhões nos últimos anos. Por tudo isso, espera-se, a qualquer momento, mais uma 'operação de limpeza' no primeiríssimo escalão do Governo Federal, atropelado por uma sequência impressionante e aparentemente interminável de escândalos.
O atual ministro do Esporte, Orlando Silva, que é do PCdo B e está há cinco anos no cargo, deve seguir os passos dos seus ex-colegas de ministério e pedir demissão, "para que tudo fique esclarecido", e torcer para o assunto cair na vala comum do esquecimento..
A reportagem de capa de Veja - citada por diversos jornais - é duríssima. Com base em acusações formais de ex-auxiliares de Orlando Silva - testemunhas oculares de desvio de dinheiro público destinado ao Programa Segundo Tempo, de estímulo a prática de atividades esportivas por crianças carentes -, a revista relata a participação do Ministro no esquema.
"Eu recolhi o dinheiro com representantes de quatro entidades aqui do Distrito Federal que recebiam verba do Segundo Tempo e entreguei ao ministro, dentro da garagem, numa caixa de papelão. Eram maços de notas de 50 e 100 reais", detona Célio Soares Pereira, uma espécie de assessor para tudo.
Não é apenas um disse-me-disse, uma briga interna, embora o cargo do Ministro esteja na mira do Partido dos Trabalhadores, pela dimensão que conquistou a partir da escolha do Brasil como sede da Copa de 2014.
A acusação talvez seja a mais contundente de todas as já surgidas contra alguém da intimidade do poder. Orlando Silva, graças ao prestígio dado pelo ex-presidente Lula, foi mantido no cargo e vem sendo interlocutor constante da presidente Dilma. Os dois estiveram juntos na última viagem à Europa e no encontro que a presidente teve com um burocrata da Fifa, na Bélgica, para tratar da Copa.
O desvio de dinheiro desse program vem sendo investigado há alguns anos. Ano passado, nos relembra a Veja, cinco pessoas foram presas, entre elas justamento um amigo íntimo do ministro, o policial militar João Dias Ferreira, exatamente o autor das acusações (delação premiada?), confirmadas por um dileto companheiro de malfeitos.
Esse mesmo policial garante que a ajuda federal só era repassada às ONGS ligadas ao Programa mediante pagamento de propina, que chegava a 20% do total. Esse dinheiro era distribuído entre a companheirada 'comunista', através do PCdoB, que - de acordo com a denúncia - vem recebendo esse - digamos - 'aporte' desde os tempos do ex-ministro Agnelo Queiroz.
Quem gerenciava tudo, segundo o policial arrependido: o atual ministro Orlando Silva, na época, secretário executivo do Ministério.
É bom o Palácio encomendar um carregamento de vassouras, de preferência através de concorrência pública.
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