sábado, 15 de outubro de 2011

Cartão vermelho para Orlando Silva

     Há muitos detalhes, relatos de encontros, nomes de pessoas, de entidades. Até mesmo dos dias em que os fatos acontecerem. Sem falar nos valores mencionados, que podem chegar a mais de R$ 40 milhões nos últimos anos. Por tudo isso, espera-se, a qualquer momento, mais uma 'operação de limpeza' no primeiríssimo escalão do Governo Federal, atropelado por uma sequência impressionante e aparentemente interminável de escândalos.
     O atual ministro do Esporte, Orlando Silva, que é do PCdo B e está há cinco anos no cargo, deve seguir os passos dos seus ex-colegas de ministério e pedir demissão, "para que tudo fique esclarecido", e torcer para o assunto cair na vala comum do esquecimento..
     A reportagem de capa de Veja - citada por diversos jornais - é duríssima. Com base em acusações formais de ex-auxiliares de Orlando Silva - testemunhas oculares de desvio de dinheiro público destinado ao Programa Segundo Tempo, de estímulo a prática de atividades esportivas por crianças carentes -, a revista relata a participação do Ministro no esquema. 
    
     "Eu recolhi o dinheiro com representantes de quatro entidades aqui do Distrito Federal que recebiam verba do Segundo Tempo e entreguei ao ministro, dentro da garagem, numa caixa de papelão. Eram maços de notas de 50 e 100 reais", detona Célio Soares Pereira, uma espécie de assessor para tudo.
     Não é apenas um disse-me-disse, uma briga interna, embora o cargo do Ministro esteja na mira do Partido dos Trabalhadores, pela dimensão que conquistou a partir da escolha do Brasil como sede da Copa de 2014.
     A acusação talvez seja a mais contundente de todas as já surgidas contra alguém da intimidade do poder. Orlando Silva, graças ao prestígio dado pelo ex-presidente Lula, foi mantido no cargo e vem sendo interlocutor constante da presidente Dilma. Os dois estiveram juntos na última viagem à Europa e no encontro que a presidente teve com um burocrata da Fifa, na Bélgica, para tratar da Copa.
     O desvio de dinheiro desse program vem sendo investigado há alguns anos. Ano passado, nos relembra a Veja, cinco pessoas foram presas, entre elas justamento um amigo íntimo do ministro, o policial militar João Dias Ferreira, exatamente o autor das acusações (delação premiada?), confirmadas por um dileto companheiro de malfeitos.
     Esse mesmo policial garante que a ajuda federal só era repassada às ONGS ligadas ao Programa mediante pagamento de propina, que chegava a 20% do total. Esse dinheiro era distribuído entre a companheirada 'comunista', através do PCdoB, que - de acordo com a denúncia - vem recebendo esse - digamos - 'aporte' desde os tempos do ex-ministro Agnelo Queiroz.
     Quem gerenciava tudo, segundo o policial arrependido: o atual ministro Orlando Silva, na época, secretário executivo do Ministério.
     É bom o Palácio encomendar um carregamento de vassouras, de preferência através de concorrência pública.

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