quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Naftalina ideológica

     A enorme condescendência do Brasil com as ditaduras mais violentas do mundo parece ter ganho novo alento, após o ligeiro surto de racionalidade que marcou o início do Governo Dilma Roussef. Na verdade, saímos da vigarice política internacional do governo Lula (parceria ideológica com Venezuela, Cuba, Líbia e Irã, entre outros regimes assassinos e/ou terroristas), para uma espécie de 'encimadomurismo institucional', que condenou a morte por apedrejamento de mulheres na terra dos aiatolás, mas ignora as demais barbaridades reais e retóticas cometidas pelo alucinado Mahmoud Ahmadinejad.
     À relutância em apoiar a intervenção das forças internacionais na Líbia do ditador Muamar Kadafi, soma-se, agora, a melíflua abstenção na votação de uma condenação à repressão de manifestantes sírios, apresentada no Conselho de Segurança da ONU, defendida pelo 'assessor' para assuntos internaconais, Marco Aurélio Garcia - aquele mesmo que comemorou com gestos obscenos a conclusão do inquérito sobre o acidente com um avião da TAM, que provocou duas centenas de mortes.
     Em seu passeio que mistura o público com o privado (visita às origens paternas, na Bulgária), a presidente Dilma Roussef driblou com mesmices a lógica curiosidade da imprensa da Turquia sobre a posição brasileira em relação ao genocídio que vem sendo praticado sistematicamente pelo misto de ditador e presidente Bashar Assad contra os que protestam por liberdade.
     Uma abstenção aqui, um discurso diversionista ali, e lá vai como nosso governo, tropeçando na naftalina ideológica que norteia a posição brasileira e nos equipara a republiquetas bananeiras (no sentido figurado), como a Venezuela. E, assim, justifica a indigna posição de distanciamento em relação ao conflito na Líbia, apesar de ter votado pelo reconhecimento do novo governo do país, formado pelos rebeldes. Afinal, Kadafi, por muito tempo, foi uma das referências do pessoal que está no poder há quase nove anos.

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