sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Jabuticabas sobre rodas

     Já temos, rodando em nossas ruas e estradas, os novos Uno, Corsa, Fiesta, Gol (geração V) e estamos muito perto de receber o novo Pálio. Seria ótimo para o consumidor, se todos eles simplesmente substituíssem os antigos, ultrapassados, desgastados, desprovidos da tecnologia que a cada dia embarca em proporções maiores nos motores, tornando-os mais econôminos, menos poluentes e mais potentes.
     Seria esse o ciclo natural, que é o da vida em si. Os novos assumem os lugares dos mais antigos, criando renovação e ampliando horizontes.
     No mercado automobilístico brasileiro, no entanto, prevalece uma lei especial, mais uma 'jabuticaba', algo que só existe por aqui. Os novos modelos, lançados obrigatoriamente, até para enfrentar os importados, não substuituem os anciãos. Ao contrário. Deixam os velhinhos em paz, nos seus guetos mercadológicos, extraindo até o último centavo do consumidor, pagos um bom par de vezes.
     Os novos, que são os antigos de cara e coração atualizados, chegam num patamar acima, olhando com desdém seus antepassados. É quase possível ouvi-los gritar que não têm nada a ver com aqueles dinossauros, que são modernos e que valem cada pacotaço de dinheiro a mais.
     Assim, num país onde Gol, Corsa e Uno Mille surgiram para suprir a faixa popular (custavam US$ 7 mil, alguém lembra?), seus descendentes alcançaram degraus de primos riquíssimos. Já os primos pobres da tecnologia também deixaram esse tal nicho popular há muito tempo, e circulam por aí fazendo de conta que são baratos.

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