quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Para a antologia do futebol

     Já disse algumas vezes, e repito: prefiro deixar as análises esportivas para a turma que vive o dia a dia do futebol, certamente mais bem qualificada, como Lédio Carmona, Marluci Martins e Paulo Júlio Clements (dos três, só não tive o prazer de trabalhar diretamente com Marluci, mas dividimos tribunas esportivas). A goleada aplicada pelo Vasco, ontem (8 a 3), pela Sul-Americana, me 'obriga', no entanto, a atropelar essa decisão pessoal.
     Nem tanto pelo placar, construído sobre um adversário medíocre, o boliviano Aurora. Mas pela extrema beleza de alguns lances, a exibição de liderança de Juninho e a ressureição de um atacante, Alecsandro.
     O gol do jovem Bernardo, o primeiro do jogo, merece estar em qualquer antologia do futebol, pela plasticidade, rapidez de raciocínio, poder de definição. Os dribles na zaga - com direito a toque entre as pernas de um e a um giro sensacional sobre a bola, que desmontou outros dois zagueiros - e o chute forte, direto, sem a menos chance de defesa, construíram uma das jogadas mais belas do ano, digna - sem favor - de um Lionel Messi.
     Naquele mesmo gol, há muitos e muitos anos (11 de setembro de 1988), num jogo com a Portuguesa de Desportos, Vivinho fez algo semelhante, em beleza plástica: três 'lençois' no zagueiro Capitão e um chute certeiro. Na época, mereceu placa em São Januário, retirada pelas inconstâncias políticas que assolaram o clube. O gol de Bernardo - que ainda marcou mais um, 'apenas' bonito, está nessa categoria: merece, ao menos, que fique passando, indefinidamente, em vídeo.
     Juninho, aos 36 anos e voltando de uma contusão, também exibiu a categoria de um líder natural da equipe, além de enorme visão de jogo, passes perfeitos e um gol, seu quinto desde a volta (cobrou um pênalti não muito bem, mas a bola, sua amiga e companheira, entrou). Foi decisivo em todos os momentos, em especial quando a torcida e até alguns atletas se colocaram contra Alecsandro, que perdera um gol incrível e proporcionara o empate (1 a 1) dos bolivianos.
     Juninho pediu calma e, claramente mostrou a todos que o momento não era de cobranças, mas de apoiar. Ainda no primeiro tempo, o futebol deu razão a ele: Alecsandro fez dois gols e deixou de fazer outros dois por acaso. No segundo, deu um passe perfeito para o quarto gol. Saiu aplaudido, com direito a grito de guerra da torcida.
     Esse Juninho sabe das coisas!

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