sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Uma história mal contada

     Essa história de policiais de Maricá aparecerem no Rio para intervir na prisão do traficante 'Nem' está muito mal contada. O desconforto do secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, ao falar sobre o tema, no Jornal Nacional, foi flagrante. Normalmente incisivo e sem subterfúgios, o secretário ficou claramente em cima do muro.
     Não disse, nem deixou de dizer. Evitou claramente se aprofundar, admitindo, no entanto, que não sabia os motivos da interferência de policiais de outro município em uma prisão de um chefe de quadrilha no Rio de Janeiro, efetuada pela Polícia Militar. Sua pior frase, sem dúvida, foi a seguinte: "
Se alguém os chamou tem que perguntar para quem os chamou". Esse 'alguém', secretário, foi seu subchefe de Polícia, que, em tese, deve responder ao senhor, e não a algum repórter.
     As explicações - ou a falta delas, para ser mais exato - do subchefe da Polícia Civil, delegado Fernando Velloso, só serviram para nublar ainda mais a questão. Ele admitiu que deu a ordem para bloquear o comboio que levava o traficante, em nome de um suposto acordo para que os nomes de policiais envolvidos com o tráfico fossem revelados, em troca de determinadas regalias. Não me convenceu, em absoluto. Ao contrário.
     Nem já estava preso e ainda não havia falado, oficialmente, sobre a distribuição de dinheiro entre policiais. Só tocou no assunto durante depoimento na Polícia Federal, para onde foi levado. E que história é essa de bloquear um comboio policial para resgatar um preso? Há algo de podre nesse reino do submundo, não tenho a menor dúvida. Parece - tomara que eu esteja errado - que há uma enorme tentativa de abafar as denúncias de corrupção.
     E por que essa pressa, do governador Sérgio Cabral, em transferir o preso para fora do Estado? Ele está em Bangu 1, custodiado. Não oferece perigo imediato. É hora de aproveitar e explorar bem as denúncias, tentar arrancar do preso tudo o que ele sabe. Mandá-lo para longe só vai facilitar a vida da quadrilha policial que se beneficiava do comércio de drogas.

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