terça-feira, 8 de novembro de 2011

Só com bala de prata

     As declarações do ainda ministro do Trabalho, Carlos Lupi, ao vivo e a cores, no Jornal Nacional, possibilitam diversas interpretações. Abstraindo o fato de serem uma bazófia, bem no estilo pedetista, soaram como um desafio - talvez pelo tom empregado - à presidente Dilma Roussef, que pouco antes ocupara uma rede nacional para anunciar que todos os brasileiros vão ser atendidos em casa, por médicos e enfermeiras. Mas isso é outro assunto (*), que também merece ser criticado. Voltemos ao ministro.
     Cercado por correligionários, Lupi disse, com todas as letras, duvidar que a presidente o demita, porque ele a conhece bem, e ela a ele. E foi além: afirmou que seria preciso usar uma bala bem forte para derrubá-lo. Quem seria, então, o possível atirador?
     São atitudes - temos que admitir - de alguém que está seguro da própria força, de quem tem 'bala na agulha', para ficarmos na imagem bélica criada pelo ministro. Não há meio termo. Ou ele é totalmente inocente no caso da roubalheira no seu ministério (algo difícil de acreditar, em função da proximidade dos acusados), ou conhece muitos segredos das entranhas do Poder, e deixou bem claro que poderá usá-los.
     Os ex-ministros que o antecederam nos escândalos também reagiram, custaram a aceitar a demissão. Houve, até, quem ameaçasse sair do Governo. Mas ficou tudo ajeitado, ninguém foi preso ou obrigado a devolver a dinheirama desviada. Dos males, sempre o menor, para a turma companheira.
     As próximas manchetes de jornais ou capas de revistas vão colocar em prova essa força toda. Bala mata até lobisomem. E não precisa ser de ouro. Basta ser de prata.

(*) Não satisfeita com as bobagens ditas pelo seu antecessor no cargo, sobre a saúde brasileira, a presidente Dilma Roussef extrapolou. Ao anunciar atendimento em casa para pacientes do sistema público de saúde e médicos à vontade nos hospitais, apostou na infantilização do público. Jogou no ar um pacote de ideias salvadoras, sem data para começar, prazos e quetais. Fogos de artifício que desmerecem a função que ela exerce.

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