sexta-feira, 11 de novembro de 2011

A hora da afirmação

     A justa comemoração pelo desmantelamento da quadrilha de traficantes que dominava a favela da Rocinha não pode se sobrepor a uma obrigação da cúpula policial: investigar profundamente o envolvimento de agentes civis e militares nesse mundo das drogas e corrupção. O caminho foi apontado justamente pelo chefe do tráfico na maior favela urbana do Brasil. 'Nem' disse, em depoimento à Polícia Federal, que pelo menos metade do seu faturamento era distribído entre policiais.
     Segundo as informações que começam a despontar nos nossos jornais, o criminoso chegou a dar detalhes dos dias de pagamento de propina. Havia muito dinheiro envolvido e, por consequência, um número bem grande de corrompidos. É o momento de verificar as denúncias e agir exemplarmente contra esses elementos da face abjeta das forças policiais.
     Não há meio termo, nem tempo a perder. O Estado do Rio de Janeiro e a cidade do Rio, em especial, precisam mostrar que não compactuam com bandidos travestidos de autoridade. É preciso cortar profundamente, sem olhar para divisas ou patentes ou cargos. Uma atuação segura, firme e rápida serviria para capitalizar ainda melhor esse clima de afirmação da dignidade das forças de segurança que estamos vivendo.
     É a hora de começar a reverter anos de afastamento, de desconfiança. A população precisa se reencontrar com a sua polícia, olhar para ela como um agente da cidadania, e não como um inimigo, alguém que se deve temer, por violento e arbitrário; ou desprezar, por corrupto.

2 comentários:

  1. Já disse tudo. E isso está relatada no filme: ´´Tropa de Elite 2``. Se você não viu eu recomendo.
    Seria muito bom confiar nas autoridades e não temê-los.

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  2. Temo, Patrícia, que a 'euforia' ajude a esquecer o envolvimento de policiais com o tráfico e a estranhíssima participação dos tais delegados de Maricá na prisão do Nem.

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