quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Crescimento e preservação

     Um dos maiores desafios da humanidade - talvez o maior - será conciliar crescimento com preservação. Esses dois elementos formam a equação da vida. Sem crescimento, sem surtos desenvolvimentistas, estaríamos condenando milhões de pessoas à mediocridade, à fome, à miséria. A busca por melhores condições é inata no homem. Ela nos tirou das cavernas.
     Ao mesmo tempo, não se pode ignorar que o crescimento tem um preço, normalmente pago pela natureza. Foi assim desde sempre. A consciência das ameças à sua própria sobrevivência, no entanto, é relativamente recente no homem e proporcional à sua conscientização, à sua evolução.
     Há pouco mais de um século - um período insignificante em termos históricos -, ninguém olharia de lado para alguém que despejasse o esgoto de sua casa no córrego mais próximo. Não havia outra opção na maior parte do mundo. O grande avanço foi registrado quando o homem retirou esse mesmo esgoo de dentro de casa.
      O impasse envolvendo a usina de Belo Monte me traz essas imagens. O país precisa, muito, de gerar a energia que vai ajudar a garantir seu desenvolvimento. Não há saída. Não se pode imaginar um retrocesso, a condenação a um estágio inferior. O que deve estar em discussão é a maneira de reduzir a agressão que uma obra desse porte provoca na natureza. E não a obra em si.
     Desenvolvimento, infelizmente, vai sempre rimar com agressão. O asfalto que facilita nossa movimentação é o mesmo que impermeabiliza o solo. O segredo é saber como compensar. Parte dos recursos gerados por Belo Monte e outras futuras usinas hidrelétricas (um excelente custo-benefício na geração de energia) deveria, sim, ser atrelada a projetos conservacionistas, de recuperação de áreas devastadas.
     Dessa maneira, o progresso estaria alavancando a preservação do meio ambiente. Fugir da dependência e interação entre desenvolvimento e natureza é um mero exercício de estelionato intelectual.

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