sexta-feira, 11 de novembro de 2011

O petróleo é nosso, sim. De todos os brasileiros

     Normalmente, sem medo de errar, eu vou sempre me colocar no lado oposto das ideias e atos defendidos por algum integrante do Partido dos Trabalhadores. Já confessei que votei em Lula uma vez, no segundo turno contra Fernando Collor. Naquela época (fim dos anos 1980), além da absoluta falta de opção, ainda havia algo de ideal na pregação do PT. O tempo mostrou, ao menos para mim, que somos vítimas do maior estelionato ideológico já perpetrado no país.
     Sendo assim, a minha lógica apontaria para a posição contrária à defendida pelo senador Wellington Dias (PT-PI) no caso da distribuição dos royalties do petróleo, por exemplo. Não é o que acontece. Ao ler uma de suas afirmações, hoje, em O Globo, tive que concordar integralmente com ele. Assino embaixo, literalmente. Diz o senador: "A população do Rio precisa compreender que não há explicação para convencer (os demais brasileiros) que um estado possa ficar com 80% de uma riqueza que é de todo o Brasil".
     É exatamente o que eu penso e já escrevi aqui, no Blog, algumas vezes. As riquezas brasileiras pertencem a todos nós, ou não seríamos uma nação. Não há justificativa plausível para excluir piauienses e paraibanos dos benefícios que serão gerados pela exploração de um bem do brasileiro, por acaso (a tal 'roleta geológica' à qual já me referi) espalhado ao longo do que se convenciona chamar de Estados do Rio de Janeiro e do Espírito Santo.
     A divisão em unidades federativas - herdada das Capitanias Hereditárias - não pode, sob argumento algum, servir de justificativa para a discriminação, para a condenação eterna de outros brasileiros à pobreza, aos limites impostos pela mesma roleta que premiou fluminenses e capixabas.
     Entendo que haja uma compensação especial, para recompor e evitar danos ambientais. Todos concordam com isso. Mas o resultado da exploração deve ser absolutamente democratizado, sob pena de aprofundarmos ainda mais as diferenças sociais que envergonham o país e ampliarmos ressentimentos.
     Quanto à passeata de ontem: há os bem-intencionados, sim. Pessoas que acreditam lutar pelo Rio etc. Mas, por trás dessa fantasia toda, prevalecem os interesses políticos. Puro marketing.

5 comentários:

  1. Brilhante Marco, principalmente vindo de você carioca! Seu Blog é muito bom e muito bem escrito!

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  2. Concordo plenamente...80% mais ou menos gira em torno de marketing,mal usada por sinal. Em se tratar de distribuição convenhamos que isso nunca foi um forte do nosso país...má distribuição pra tudo que é lado..em uma mesma cidade você percebe os disparates,pessoas que moram em comunidades e outras em mansões, nem precisa ser mesma cidade, mesmo bairro você nota isso..

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  3. Nosso forte, de fato, não é a distribuição justa de riquezas, Patrícia. Seus exemplos são perfeitos.

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  4. Eu também, Marco, confesso que, nesse caso, concordo com o posicionamento do senador petista e, consequentemente, com o governo. Em nome do chamado Pacto Federalista os royalties devem ser distribuídos não apenas aos estados produtores. Até porque, afinal, foram eles que investiram na prospecção e na exploração do petróleo em seus territórios? As riquezas pertencem a todos. O resto é marketing.

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  5. È o que eu venho escrevendo, Paulo. Pura fantasia com olhos nas eleições.

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