quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Dinheiro no colchão

     O governador do Distrito Federal, o petista Agnelo Queiroz, ex-ministro do Esporte e também acusado de ter feito parte do esquema de corrupção que acabou derrubando seu sucessor no cargo, Orlando Silva, reeditou hoje, em entrevista à Folha de São Paulo, uma das desculpas mais esfarrapadas da história dos 'malfeitos' republicanos.
     Ao sustentar que o tal dinheiro que recebeu de um lobista (R$ 5 mil) destinava-se ao pagamento de um empréstimo que ele teria feito ao seu acusador, disse, com todas as letras, sem o menor pudor, que guardava quantias altas, em espécie (notas, meus amigos, muitas notas) em casa, por "questões de segurança". Imaginem a situação: um ministro (ele fazia parte do Governo Lula) mantendo dinheiro em casa, por ter medo do sistema bancário.
     Esse tipo de comportamento é até comum, sabemos, em determinadas 'camadas' da sociedade. Gente que guarda dinheiro sob o colchão, por não ter como explicar a origem. Agnelo Queiroz, ao produzir essa versão ridícula, imagina que somos todos idiotas, ou está confessando que tem receitas 'extraordinárias'. Não encontro outra explicação.
     Fico imaginando como é que alguém, na posição dele, consegue proferir tamanha insensatez e ir para casa, sem ter ânsias de enfiar a cabeça num buraco, como um avestruz. Não é o primeiro a justificar, assim, a posse de valores não explicáveis. Apanhado no furacão que arrastou Orlando Silva, fingiu que a história não era com ele, até quando não foi mais possível.
     Imprensado por novas denúncias, vem criando factoides. Lembra, com essas atitudes, seu colega de partido, o atual presidente da Comissão de Justiça (???) da Câmara, João Paulo Cunha, acusado no processo do Mensalão. Quando confrontado, na época, com o vídeo de sua mulher retirando dinheiro em uma agência do banco usado no esquema de 'partilha de recursos não contabilizados' (roubo, mesmo), Cunha garantiu, entre outras versões desmoralizadas, que ela estava lá para pagar a conta da tevê por assinatura.
     Como diria Leonel Brizola, o ex-mentor de Agnelo (ele era do PDT, antes de 'costear o alambrado' e pular a cerca para o PT), eles são todos 'farinha do mesmo saco'.

2 comentários:

  1. Nossa...muito ridículo..to dizendo..outro cara de aço, todos eles com síndrome de esquecimento e da falta de vergonha na cara.
    É demais pro povo brasileiro...é achar que realmente não há justiça.

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  2. É uma 'técnica' antiga, Patrícia: negar sempre, mesmo com todas as evidências. E apostar no esquecimento.

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