sábado, 12 de novembro de 2011

Governabilidade e corrupção

     Vivaldo Barbosa, ex-deputado federal e um dos pedetistas históricos, ocupou a página de Opinião de hoje, no O Globo, para expor seu desencantamento com os rumos assumidos pelo PDT ao longo dos últimos anos. Lembrou a idoneidade dos ex-presidentes Getúlio Vargas e João Goulart e do ex-governador Leonel Brizola, cujas vidas foram devassadas, sem que que fossem descobertas manchas.
     São três exemplos de políticos ao estilo antigo, dos quais se pode discordar, sim. Eu mesmo, apesar de ter militado, na juventude, nas bandas trabalhistas, enxergo, hoje, as enormes contradições e erros da prática populista que marcaram a história desse segmento ideológico. Mas jamais duvidei da ingridade pessoal desses três símbolos de uma corrente política. Não passa pela minha cabeça a mais leve suspeita sobre o comportamento individual de João Goulart, que - bem destaca Vivaldo Barbosa - morreu mais pobre (menos rico, seria mais indicado) do que ficara, ao casar com Maria Teresa, uma herdeira de fazendeiros gaúchos.
     Vivaldo Barbosa talvez tenha esquecido, no entanto, a enorme responsabilidade da parcela histórica do Trabalhismo na podução de gerações deletérias de políticos, em especial no Rio de Janeiro. Todos, ou quase, 'costearam o alambrado', como dizia Brizola, ao se referir aos que tentavam voos próprios, saindo de sob as asas partidárias e mergulhando onde eram oferecidas mais vantagens.
     Com o tempo, surgiram excrecências, políticos sem matiz, dispostos a negociar tudo e qualquer coisa por vantagens pessoais. E toda uma geração desfibrada, de várias siglas (esse é um pecado generalizado, e não apenas do PDT) descobriu que poderia transformar apoio em vantagens, garantir uma tal de 'governabilidade' em troca de ministérios, secretarias e todos os cargos possíveis e imaginários.
     E toda essa gente, sob o comando e liderança do Partido dos Trabalhadores, nessa malfadada 'Era Lula', gerou a maior série de escândalos da história desse país. Do Mensalão - o maior deles, sim - à manipulação das tais ONGs, fachadas para a expropriação do dinheiro público, passando por vendedores de informações privilegiadas, produtores de dossiês falsos e batedores de carteira comuns, pegos com dólares na cueca.
     O ministro do Trabalho, Carlos Lupi, é apenas mais um exemplar dessa quadra vergonhosa para o país. Há três dúzias de criminosos - a quadrilha do Mensalão - à espera de julgamento no STF. Há uma penca de ex-ministros que se fingem de mortos, contando com o esquecimento dos seus malfeitos recentes. E a cada fim de semana, novos personagens são adicionados a esse relação deplorável. Basta ver as capas das nossas revistas.

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