quinta-feira, 10 de novembro de 2011

"Perdeu, jogador"

     A prisão do traficante Nem (Antônio Bonfim Lopes), 'dono' da Rocinha, representa um alento para a população do Rio de Janeiro, pelo que ela representa de emblemático. Um grupo de policiais militares mostrou que existem, sim, profissionais dignos, que respeitam o compromisso que assumiram com a comunidade em que vivem, com o estado, com o país.
     Poucas horas antes, outro grupo, também de agentes da lei, fora preso ao dar segurança a um comboio de traficantes que fugiam da maior favela urbana brasileira, prestes a ser ocupada e a ganhar uma Unidade de Polícia Pacificadora.
     Os dois exemplos, tão distantes e opostos, exibem a diversidade que existe na sociedade e comprovam que a generalização é injusta. Nossa polícia, civil e militar, vem perdendo o respeito da sociedade, é verdade. A repetição de casos de corrupção, de envolvimento com bandidagem e de violência abriu um fosso entre as pessoas de bem e aqueles que deveriam zelar por elas. Mas não seria justo colocar todos num mesmo pacote do mal.
     Há maus policiais, sim. E esse fato se torna ainda mais inadmissível quando lembramos que o Estado conferiu fé pública a esses agentes, entregou armas para que defendessem a lei, o primado da justiça. Mas não podemos, jamais, esquecer que há abnegados, servidores mal-pagos que são confrontados com situações de conflito, de risco, e que nem por isso sucumbem à tentação.
     Os policiais que trancafiaram o maior traficante de drogas do Estado chegaram a ser postos à prova, com uma oferta milionária de suborno. Venceu a dignidade. Ou, como disse um dos policiais, ao se dirigir ao prisioneiro, algemado e enfiado na caçamba, e a Globo registrou:
     - Perdeu, jogador".

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