Paes, vai 'andar' na Avenida Brasil!

     O prefeito Eduardo Paes, antes de dar declarações estúpidas como as de hoje - comparando a expectativa pelo fim de obras no Rio com a espera pela mulher que está se arrumando -, deveria pegar um carro ou ônibus em Bangu, às 7 da manhã, e seguir pela Avenida Brasil até a sede da Prefeitura, passando pela indefectível Francisco Bicalho.
     É claro que todos nós, que padecemos no inferno do trânsito carioca, sabemos que a cidade está precisando de obras, de rearrumações. Mas, antes de tudo, precisa de planejamento, inclusive na hora de fazer as tais obras.
     Não é justo, nem lógico, que a perspectiva de um futuro menos ruim justifique o estabelecimento do caos. Se uma intervenção urbanística está gerando problemas acima do que seria normal aceitar - e esse é o caso específico da área portuária -, cabe ao administrador repensar forma e conteúdo.
     Esse ar blasè do nosso alcaide, um jovem oriundo da geração Barra da Tijuca, não se justifica. Ele deveria, sim, fazer um curso de formação de suburbano, passar pelos problemas que marcam a parte menos nobre do Rio de Janeiro. Aquela parte que não tem vista para o mar, nem para o Cristo Redentor.
     Para começar, quinze dias de direção intensiva na Avenida Brasil, de manhã e à tarde. Em seguida, tentar chegar e sair de Campo Grande, em qualquer horário do dia. Mais tarde, enfrentar a Linha Amarela, o caminho mais rápido e caro (criminosamente caro) entre dois engarrafamentos. Aproveitando, uma semana passando pela Linha Vermelha, de manhã (vindo para o Rio) e à tarde (saindo). Outra tarefa indispensável: usar a autoestrada Lagoa-Barra durante uma semana.
     Nas folgas, deveria enfrentar a legião de assaltantes que infestam nossas ruas, extorquindo dinheiro dos motoristas e ameaçando quem se atreve a contestar a cobrança ilegal, além de encarar outra praga urbana: as vans e kombis que atropelam todos as normas de trânsito e de civilidade.