quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Beber e dirigir agora é crime

     Uma notícia boa para todos nós: o Supremo Tribunal Federal (STF), segundo nos conta o Estadão, decidiu que o motorista ao dirigir alcoolizado está cometendo, sim, um crime. A interpretação do ministro Ricardo Lewandowski, com base em decisão anterior da ministra Ellen Gracie, é contundente. Para ele, não importa se o motorista bêbado provocou, ou não, algum dano, físico ou material.
     "É como o porte de armas. Não é preciso que alguém pratique efetivamente um ilícito com emprego da arma. O simples porte constitui crime de perigo abstrato, porque outros bens estão em jogo", diz o ministro, com evidente sensibilidade e atento ao absurdo aumento das mortes e mutilações provocadas por criminosos ao volante.  
     
     Num país marcado pela impunidade, essa decisão pode salvar milhares de vidas. Sabendo que não será tratado como um simples infrator, o motorista brasileiro pode pensar duas vezes antes de beber e sair pelas ruas e estradas ameaçando inocentes.
     Eu mesmo fui vítima de um bêbado irresponsável, há muitos anos. Estava a caminho do Jornal do Brasil, num domingo à tarde, para o plantão na editoria de Esportes (nesse dia, o Vasco - sempre o Vasco - derrotou o Bahia por 3 a 0, três gols de Romário). De repente, sem que soubesse como, uma colisão. Acordei alguns minutos depois preso nas ferragens de um dos vários Chevettes que passaram pela minha vida. Dezenas de pessoas em volta, ambulância, bombeiros e uma transferência rápida para a emergência do Hospital Carlos Chagas.
     Achei que não sairia de lá. Quando acordei do desmaio provocado pela colisão, vi que havia muito sangue saindo da minha boca e imaginei, na hora, que estava com hemorragia interna. Por sorte, não estava. Aquele sangue havia escorrido de uma enorme ferida na minha cabeça e acumulado na boca. Ao despertar, dei uma golfada. Além da cicatriz (mais visível, com o rareamento dos cabelos), da eventual sensação de adormecimento - mesmo passados quase 30 anos - e de um joelho imobilizado por trinta dias, o acidente não deixou maiores sequelas. Mas poderia ter sido fatal. O carro teve perda total. Foi para um cemitério de automóveis.
     O responsável? Encontrei com ele no mesmo hospital, ao meu lado, com um braço quebrado e algumas escoriações, logo após ter sido atendido. Soube que ele estava com a filha pequena no carro e acabara de sair de um churrasco regado a litros de cerveja. Perdeu a direção em uma reta e bateu diretamente no meu carro, de frente, sem me dar tempo, sequer, de esboçar uma freada. Precisei ser contido para não quebrar o outro braço do sujeito.

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