quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Na fila da demissão

     O ainda ministro do Trabalho, Carlos Lupi (PDT), pisou no freio, depois da derrapada de ontem à noite, quando desafiou, sim, a presidente Dilma Roussef a demiti-lo. Hoje - aproveitando a participação em um desses programas pirotécnicos lançados pelo Governo para conquistar espaço no noticiário - disse que não disse o que todos nós vimos e ouvimos nos noticiários das tevês, ontem à noite.
     Encostado no meio-fio, temendo ser atropelado por uma carreta desembestada, garantiu que estava se referindo a uma tal "onda de denuncismo" que, segundo ele, está maculando a honra de pessoas de bem sem dar a elas o direito de defesa.
     Esse é o retrato pronto e acabado do sujeito que tenta sair das cordas apelando para o diversionismo. Não existe - e ele sabe muito bem disso - onda de denuncismo. Há, sim, pessoas do governo (ou ligadas de alguma forma ao governo) que, por sentirem-se afetadas, estão revelando a podridão dos corredores ministeriais, em especial.
     Não houve uma denúncia sequer - e eu desafio alguém a apresentar um exemplo - que não tenha surgido de dentro do próprio esquema, nascido nos intestinos do Poder. Todos os ministros que submergiram nesses dez meses do Governo Dilma foram atingidos por uma 'onda amiga'.
     A Oposição - se é que ela existe - limita-se a repercutir as manchetes de jornais e revistas, apontando para o lado que as notícias indicam. E, como é minguada, medíocre e desfibrada, depende exclusivamente do poder de fogo dos veículos de comunicação para conquistar algum espaço.
     Lupi sabe disso tudo. Sabe que entrou na lista dos candidatos à demissão 'voluntária'. Talvez esteja lutando, apenas, para receber uma boa indenização pelos anos de fidelidade.

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